AXÉ MUSIC
O axé, ou axé music, é um gênero
musical que surgiu no estado da Bahia na década de 1980 durante as
manifestações populares do Carnaval de Salvador, misturando o ijexá,
samba-reggae, frevo, reggae, merengue, forró, samba duro, ritmos do candomblé,
pop rock, bem como outros ritmos afro-brasileiros e afro-latinos.
A palavra "axé" é uma
saudação religiosa usada no candomblé, que significa energia positiva.
Expressão corrente no circuito musical soteropolitano, ela foi anexada à
palavra em inglês "music" pelo jornalista Hagamenon Brito em 1987
para formar um termo que designaria pejorativamente aquela música dançante com
aspirações internacionais.
As origens do carnaval de
Salvador como conhecemos hoje estão na década de 1950, quando Dodô e Osmar
começaram a tocar o frevo pernambucano em guitarras elétricas de produção
própria — batizadas de guitarras baianas — em cima de uma fobica (um Ford
1929). Nascia o trio elétrico, atração do carnaval baiano para a qual Caetano
Veloso chamou a atenção do país em 1975 na canção "Atrás do Trio Elétrico".
Mais tarde, Moraes Moreira, dos Novos Baianos, teria a ideia de subir num trio
(que era apenas instrumental) para cantar — foi o marco zero da tradição de
grandes cantores "puxando" os trios elétricos. A partir da década de
1960, paralelamente ao movimento dos trios, aconteceu o da proliferação dos
blocos afro: Filhos de Gandhi (do qual Gilberto Gil faz parte), Badauê, Ilê
Aiyê, Muzenza, Araketu e Olodum. Eles tocavam ritmos afro como o ijexá e o
samba (utilizando alguns instrumentos musicais da percussão, comuns nas
baterias das escolas de samba do Rio de Janeiro).
A axé music propriamente dita
nasceu no estúdio WR, no bairro da Graça, em Salvador, com a formação de um
grupo de músicos jovens que viria a substituir a banda residente, comandada por
Toninho Lacerda (irmão do pianista Carlos Lacerda). O primeiro, da nova leva, a
ser contratado foi o baterista Cesinha. Depois dele, o compositor, pianista e
arranjador Alfredo Moura, que na época estudava composição e regência na escola
de música da Universidade Federal da Bahia, tendo, como professores:
Lindembergue Cardoso, Ernst Widmer, Jamary Oliveira, Paulo Costa Lima, entre
outros. Luiz Caldas veio em seguida, trazendo o percussionista Tony Mola.
Carlinhos Brown foi o último, dessa leva, a entrar, tendo sido submetido a uma
audição e sendo aprovado já por Alfredo Moura, na altura o principal arranjador
do estúdio.
Essa banda que se formou do
encontro de músicos contratados originaria a banda Acordes Verdes, que daria
início ao movimento. Os arranjos de Alfredo Moura mostrariam ser fundamentais
para o estabelecimento do novo estilo musical, pois encontrou um tipo de
linguagem popular e altamente comunicativa que possibilitou a divulgação dessa
nova música nas rádios e televisões por todo o Brasil. Nos arranjos, notam-se
elementos vindos de diversas culturas musicais e que interagiam de forma
homogênea apesar da diversidade da origem. A música tinha características
baianas e fazia referências ao passado enquanto se posicionava com o presente.
O movimento adquiriu força e os
arranjos e a estética original foram intensamente copiados, evoluindo para
novas leituras e estilos, tendo uma durabilidade impressionante em termos de
música popular brasileira.
Estava criado, então, um polo
criador, um centro musical poderoso, e o estilo, concebido por Alfredo Moura
com a ajuda dos músicos da banda Acordes Verdes, principalmente Carlinhos
Brown, se tornaria referência para as três gerações vindouras, colocando a
música da Bahia num cenário pioneiro, dinâmico, e inovador.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ax%C3%A9_(g%C3%AAnero_musical)
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