AS PRÁTICAS POLÍTICAS DURANTE A REPÚBLICA VELHA

AS PRÁTICAS POLÍTICAS DURANTE A REPÚBLICA VELHA

Após a chamada República da Espada, o regime político brasileiro foi conduzido por presidentes eleitos em sufrágio universal. Apesar da liberdade de escolha garantida pela Constituição, o sistema republicano não apresentou a sonhada liberdade que propunha. Os eleitos para o mais importante cargo executivo eram políticos comprometidos com os grupos controladores das principais atividades econômicas do país, como foi o caso do primeiro presidente civil, Prudente de Morais, representante dos cafeicultores paulistas.

A construção da estrutura de “cartas marcadas” da política brasileira foi realizada pelo segundo presidente eleito, Campos Sales, criador da Política dos Governadores. Nesse sistema, ocorria a troca de favores entre o Governo Federal, os governos estaduais e as oligarquias regionais, permitindo que os mesmos grupos detentores do poder econômico mantivessem o controle político da nação.

Para seu bom funcionamento, a Política dos Governadores contava com o papel dos chamados coronéis do Brasil, indivíduos que arregimentavam, através da influência local, um corpo de eleitores que seguiam o rumo eleitoral definido por esse chefe político. Esse sistema era favorecido pelo fato de o voto ser aberto, até então, no Brasil. Isso permitia a imposição dos coronéis mediante o conhecido voto de cabresto.

O chamado coronelismo, já presente no período do Império, só era possível através do clientelismo, manifestado na realização de favores por parte do coronel aos seus controlados, que poderiam ser, por exemplo, um emprego público ou mesmo um par de sapatos.

O sucesso desse sistema era garantido em virtude da pobreza de parcela da sociedade brasileira e da ausência de um sistema público impessoal, que fugisse dos favores e do mandonismo que a sociedade brasileira herdou de Portugal durante a construção do sistema colonial. O Estado e seus representantes, mais do que cumpridores de um papel legal, eram fornecedores de favores para aqueles que fossem fiéis aos desígnios da oligarquia.

A chamada Política dos Governadores, associada ao coronelismo da Primeira República, permitiu que as oligarquias detentoras da hegemonia econômica no Brasil pudessem assegurar a sua presença nos principais cargos do Governo Federal. Assim, o poder de São Paulo e de Minas Gerais, regiões produtoras de café e com uma considerável concentração de eleitores, ficou assegurado frente aos demais estados, gerando a chamada República do Café com Leite.

Esses dois estados, representados pelos PRP (Partido Republicano Paulista) e PRM (Partido Republicano Mineiro), contavam com a cumplicidade das outras unidades federativas, que se beneficiavam com o controle das estruturas do Governo Federal por São Paulo e Minas Gerais. Essa hegemonia não pôde apagar, porém, dois fatos relevantes: a indiscutível importância de outros estados, como o Rio Grande Sul, que, através do PRR (Partido Republicano Rio-grandense), exercia uma considerável influência nas determinações políticas do país, e a contestação, por parte de alguns estados, ao controle da política nacional por Minas Gerais e São Paulo.

Os políticos que não se enquadravam nos interesses da elite brasileira e que eram afastados do poder pela Comissão eram tratados como os “degolados” do regime. Tamanha estrutura corrupta da política brasileira não impedia situações de competição, como as ocorridas em 1910, 1922 e 1930. Nesses casos, porém, não foi a vontade pública que gerou tal disputa, mas os conflitos existentes no interior da própria oligarquia brasileira.

 

 

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