A CRISE DAS ESTRUTURAS POLITICAS DA REPÚBLICA VELHA

A CRISE DAS ESTRUTURAS POLITICAS DA REPÚBLICA VELHA

Muitos elementos já davam claro indício de fragilidade das estruturas políticas da República Velha. A própria Reação Republicana, vista anteriormente, foi uma evidência desse cenário. Outros eventos também engrossaram o coro dos insatisfeitos e acabaram por derrubar esse modelo político na Revolução de 1930. Analisemos esses elementos de contestação e o m do regime.

Clara manifestação de desgaste da arcaica política das oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, o Movimento Tenentista pode ser entendido como uma nítida oposição de alguns setores das Forças Armadas ao regime que vigorava no país. O Tenentismo, de origem urbana, representava a luta pela implementação de um novo projeto de modernização no Brasil.

Apresentava como bandeira a reorganização moral do Estado, propondo o voto secreto, o m da corrupção, a defesa do nacionalismo, a modernização econômica com o rompimento de uma economia meramente agroexportadora e a reformulação na educação. Nesse sentido, o desejo marcante do movimento era a eliminação das estruturas da República Velha.

Após o “episódio das cartas falsas”, os tenentes não se conformaram com a vitória de Artur Bernardes para a Presidência e resolveram impedir sua posse. Rebelando-se em Copacabana, os amotinados foram vítimas da reação das tropas fieis ao governo. Conseguiram escapar do Forte e marcharam pelas ruas do Rio de Janeiro, acreditando que conseguiriam derrubar o presidente. Novamente foram alvejados pela reação das forças governamentais, sendo massacrados. Sobreviveram apenas os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes.

Na cidade de São Paulo, após dois anos do fracassado episódio de Copacabana, os tenentes voltaram a se rebelar. Liderados por Isidoro Dias Lopes, os revoltosos chegaram a controlar a cidade por 23 dias. Depois de algumas escaramuças, os membros da revolta fugiram para o Sul do país, engrossando a chamada Coluna Prestes.

Partindo do Sul do Brasil e contando com o apoio dos revoltosos de São Paulo, a Coluna liderada pelo tenente Luiz Carlos Prestes acabou levando o nome do principal comandante. Percorrendo o país entre 1924 e 1927, a Coluna chegou a atravessar 25 mil quilômetros do território brasileiro. Seus membros esperavam encontrar a melhor chance para derrubar a Presidência e, enquanto as condições se mostravam desfavoráveis, percorriam o Brasil divulgando as ideias do Movimento Tenentista, buscando a mobilização popular contra o governo oligárquico. O movimento foi encerrado em 1927, quando a Coluna foi desfeita ao entrar em território boliviano.

A década de 1920 também testemunhou o nascimento do Partido Comunista Brasileiro, em 1922, em um claro reflexo do sucesso dos episódios ocorridos na Rússia, nos últimos anos, e do amadurecimento do movimento operário no Brasil. De maneira surpreendente, o PCB era composto de alguns membros anarquistas, fato estranho para uma ideologia que se mostra avessa à qualquer organização política que tenha como objetivo apropriar-se do poder.

A década de 1920 também testemunhou o nascimento do Partido Comunista Brasileiro, em 1922, em um claro reflexo do sucesso dos episódios ocorridos na Rússia, nos últimos anos, e do amadurecimento do movimento operário no Brasil. De maneira surpreendente, o PCB era composto de alguns membros anarquistas, fato estranho para uma ideologia que se mostra avessa à qualquer organização política que tenha como objetivo apropriar-se do poder.

O Partido Comunista foi colocado na ilegalidade várias vezes durante a República Velha, o que mostrava a insatisfação do governo quanto à existência de uma oposição de esquerda, que, embora recém-criada, incomodava o Estado Oligárquico. Deve-se considerar que, a partir da criação do PCB, tomou forma mais nítida o sentimento anticomunista, que viria a ser sistematicamente reforçado, ao longo do século XX, na sociedade brasileira.

Já o Bloco Operário Camponês (BOC), lançado em 1927, representava os interesses dos variados movimentos de esquerda no Brasil. Como espaço partidário, o BOC elegeu alguns deputados nas eleições de 1928 e lançou Minervino de Oliveira como candidato ao cargo de presidente da República em 1930, recebendo uma quantidade pouco expressiva de votos.

É surpreendente constatar que, apesar da intensa luta promovida nos anos 1920 contra o sistema político brasileiro, o país apresentou uma ruptura da ordem a partir de uma crise provocada pelo próprio núcleo dirigente, que acabou por culminar na Revolução de 1930.

 

 

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