UNIFICAÇÃO ALEMÃ
A Confederação Germânica,
ratificada pelo Congresso de Viena, era uma entidade política formada por
estados alemães e submetida ao controle político da Áustria. Assim como no caso
italiano, em 1849, após as revoluções liberais que se alastraram pela Europa,
houve uma fracassada tentativa de eliminar o domínio austríaco na região e de
promover a unificação.
O fracasso do movimento deveu-se
ao poderio bélico austríaco e também à atuação das elites germânicas, que,
percebendo a participação de operários no processo revolucionário, abandonaram
o projeto unificador e criaram meios de facilitar a repressão por parte do
Império Austríaco.
Apesar da repressão ao movimento
de uni cação na primeira metade do século XIX, o projeto de libertar e uni car
os estados subordinados aos austríacos não foi abandonado. Nesse sentido,
conforme o desejo das elites germânicas, a uni cação alemã foi arquitetada por
Otto von Bismarck, primeiro-ministro da Prússia e também representante dos
junkers, grandes proprietários de terras que defendiam o uso da força para a
construção do Estado Nacional alemão.
Antes de concretizar a sua
hegemonia sobre os estados germânicos, no entanto, os prussianos deveriam
eliminar por completo a influência austríaca que era exercida na região.
O primeiro passo nesse processo
foi a instituição da Zollverein (1818), uma tentativa de uni car a economia dos
estados germânicos e a da Prússia. O acordo estabelecia uma união aduaneira
entre as regiões, o que facilitaria a circulação de seus produtos em toda a
Alemanha. Assim, se a Áustria exercia um domínio político sobre os estados
germânicos, a partir da criação da Zollverein, cabia à Prússia controlar a
economia da Confederação, o que gerou uma grande insatisfação por parte dos
austríacos.
Além da eliminação das barreiras
alfandegárias no comércio entre a Confederação Germânica e a Prússia, esta
procurou, principalmente sob o comando de Bismarck, organizar um grande
Exército que pudesse fazer frente às forças que se mostrassem contrárias ao
projeto unificador. Pode-se afirmar, portanto, que a uni cação alemã, assim
como a italiana, foi concretizada por meio de diversas guerras, que serão
detalhadas a seguir.
Guerra dos Ducados (1864) –
Interessadas nos ducados de Schleswig e Holstein, até então vinculados à
Dinamarca, a Áustria e a Prússia deixaram suas diferenças de lado para
expandirem suas respectivas zonas de influência. Dessa forma, as duas forças se
uniram contra a Dinamarca, que não tinha condições de resistir à investida.
Conforme havia sido previamente combinado, após a derrota dos dinamarqueses na
Guerra dos Ducados, os prussianos ficaram com o controle de Schleswig e aos
austríacos coube o controle do ducado de Holstein.
É importante ressaltar que,
apesar da união entre a Áustria e a Prússia em uma guerra contra a Dinamarca, o
objetivo de Bismarck era realizar um confronto militar com o Império Austríaco,
já que a Confederação Germânica continuava politicamente vinculada aos
austríacos.
Guerra Austro-Prussiana (1866) –
Logo após a Guerra dos Ducados, Bismarck alegou que o Império Austríaco havia
descumprido o acordo de divisão dos ducados, pois estaria realizando uma má
gestão no ducado de Holstein. Esse, no entanto, era apenas um pretexto para
iniciar um conflito com os austríacos, que, de fato, veio a ocorrer em 1866. No
momento em que a Guerra Austro-Prussiana se iniciou, a Itália, interessada em
domínios austríacos, aliou-se à Prússia, o que favoreceu a derrota do Império
Austríaco em poucas semanas.
Após a vitória dos prussianos,
estes puderam, en m, eliminar a influência austríaca na região alemã e, assim,
criar a Confederação Germânica do Norte, reunindo não só economicamente, como
previa a Zollverein, mas também politicamente vários estados que, a partir de
então, foram integrados aos domínios da Prússia.
Bismarck, no entanto, não era
favorável à postura pacificadora tomada pelo kaiser prussiano e, por isso,
alterou o conteúdo da carta, fazendo com que esta passasse a ter um tom
ameaçador e ofensivo a todo o povo francês. Além de alterar o conteúdo do
documento, Bismarck ainda fez com que a carta fosse divulgada pela imprensa, o
que tornou o conflito entre a França e a Prússia inevitável.
Como se pode perceber, o objetivo
do primeiro ministro prussiano era eliminar a resistência francesa à uni cação
alemã, além de fomentar o nacionalismo e unir todos os estados alemães em torno
de um inimigo em comum, o que de fato ele conseguiu. Em aproximadamente seis
meses, a França foi derrotada pela união dos alemães e Guilherme I foi coroado
imperador de toda a Alemanha dentro da Sala dos Espelhos, em pleno Palácio de
Versalhes, em território francês.
A França, pelo Tratado de
Frankfurt, foi obrigada a entregar a Alsácia e a Lorena para os alemães,
regiões ricas em minério de ferro e carvão. A conquista dessas regiões, em
1871, significou a finalização do processo de uni cação da Alemanha e
contribuiu para o desenvolvimento industrial do país. Entretanto, para os
franceses, que tiveram de passar a importar minério de ferro e carvão, a perda
dessas regiões acabou criando um forte sentimento de revanche, fator que, em
partes, foi responsável pela eclosão da Primeira Guerra Mundial logo no início
do século XX.
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