GUERRA DOS EMBOABAS – MINAS
GERAIS 1708-1709
Quando a notícia da descoberta
das minas de ouro na colônia chegou a Portugal, houve um fluxo natural de
lusitanos para a região aurífera, na busca de riqueza fácil e rápida.
A presença cada vez maior de
portugueses desagradou aos paulistas, responsáveis pela descoberta do ouro, que
enxergavam os lusitanos como invasores do rico território conquistado com muito
esforço. Os paulistas reivindicavam o direito exclusivo de exploração da
região, tratando com desdém os estrangeiros, chamados, de modo pejorativo, de
emboabas, já que estavam sempre de botas, com panos enrolados nos pés,
lembrando uma ave da região, que tinha os pés emplumados, conhecida como
emboaba.
Essa crítica era baseada no fato
de os bandeirantes paulistas estarem sempre descalços, comportamento natural
para uma população mestiça e acostumada a participar das bandeiras pelo
interior da colônia. Esse cenário de rivalidade era a orado pela insuficiente
presença da Coroa portuguesa, em um contexto de forte deslocamento populacional
para a região mineradora.
Um dos líderes dos paulistas era
o conhecido bandeirante Manuel de Borba Gato. Entre os líderes dos portugueses,
estava o riquíssimo Manoel Nunes Viana, governador de Minas. O conflito armado
aconteceu em várias regiões de Minas Gerais, como Caeté, Sabará, Vila Rica e
São João Del Rei, onde os paulistas, menos preparados para o combate, sofriam
derrotas sucessivas.
O episódio mais dramático da
batalha ficou conhecido como Capão da Traição. Alguns paulistas, cercados pelos
portugueses liderados por Bento do Amaral Coutinho, receberam a promessa de que
suas vidas seriam poupadas, caso entregassem as armas. Porém, ao se desarmarem,
foram massacrados impiedosamente. Os paulistas tiveram força para se organizar
posteriormente, mas não foram capazes de derrotar os portugueses.
Ao perder a guerra, parte dos
paulistas partiu para outras regiões em busca de novas minas de ouro,
encontrando-as, em 1718, na região do atual Mato Grosso. Com o objetivo de
ampliar o controle da região, a Coroa portuguesa promoveu a criação da
capitania de Minas Gerais e São Paulo, separando-a do Rio de Janeiro. A mudança
política assinalou uma característica fundamental do conflito: a disputa pelo
poder administrativo de uma nova área de exploração colonial pelos poderes
emergentes nas minas no início do século XVIII. A vitória dos emboabas acabou
por possibilitar a sistematização da retirada do ouro de Minas Gerais, que
durou, aproximadamente, 80 anos.
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