EDUCAÇÃO: O DISCURSO E A PRÁTICA
Nos
últimos meses temos ouvido bastante sobre a importância da Educação, de que ela
é uma atividade essencial e, por isso o retorno às aulas deve acontecer. Não
vou aqui discutir a questão se é correto voltar ou não nesse momento. O que eu
quero salientar é o discurso de parte da sociedade e do Estado através do
governo sobre a essencialidade da educação, como se antes da pandemia a
Educação não fosse essencial. A questão a se discutir é que o discurso é
“balela”, “historia da carochinha”, “história para boi dormir”. A Educação
nunca foi prioridade e nunca foi essencial para os governos, principalmente
aqui no estado do Rio Grande do Sul.
Vamos
começar pela sociedade. Primeiro, deixamos bem claro que grande parte da
sociedade brasileira e gaúcha não valoriza a Educação. Para isso basta observar
como os professores são tratados por grande parte dessa sociedade, pela grande
mídia e pelos governos. Não faz muito tempo, essa mesma galera que grita “aulas
já”; “lugar de criança e de adolescente é na escola” defendiam com unhas em
dentes o homescholl, ou seja, o direito dos pais optarem para que as crianças e
os adolescentes pudessem estudar em casa. Bastou uma pandemia para que eles
mesmos abandonassem essa ideia, então não vamos nos alongar nessa temática. Mas
sempre é bom lembrar, ainda mais, em uma sociedade que a memória é muito curta
e limitada.
Agora
vejamos a parte do Governo, que atualmente grita aos quatro cantos sobre a
importância, relevância e essencialidade da Educação. O que vou relatar aqui
não é opinião, são informações que não confirmam os discursos da essencialidade
da educação.
Nos
últimos quatro anos os investimentos na Educação por parte do governo federal
reduziu 56%. Isso mesmo, os investimentos na tão essencial Educação estão
diminuindo, e bastante. O valor que se gasta com a merenda escolar para cada
aluno no país é de R$ 0,30 por dia. Isso mesmo, imagina você com R$ 0,30 no
bolso para lanchar todos os dias. Se seu filho merenda na escola é porque os
gestores das escolas fazem milagre. Em alguns estados e municípios esses
valores podem ser maiores, mas não passam na média de R$0,55 por dia; o que dá
no máximo R$16,67 por mês para cada aluno. Eu gostaria que você pesquisasse a
diária de um deputado, de um vereador, de um juiz, de um promotor, etc. Aí você
conclui quem é essencial nessa questão. Já aviso, o vale refeição do professor
não chega a R$ 10,00 por dia.
E
para finalizar, o custo de um aluno no Brasil por mês (isto é, quanto o governo
gasta com cada aluno para ele ter uma formação essencial, prioritária e de
qualidade) é de R$ 1.684,00 para o Ensino Fundamental e de R$ 1.693,00 para o
Ensino Médio (está incluso aí o material didático, as despesas com as
estruturas das escolas , água, luz, material, e o salário dos professores). Só para
ilustrar a diária de um deputado federal para qualquer viajem que ele faça
dentro do Brasil é de R$524,00. Ou seja, três diárias de um único deputado paga
o que se gasta com um aluno por mês no Brasil. Lembrando que diária não é
salário. Grande parte dos países pesquisados pela OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) gasta R$10.017,00 por mês com cada
aluno, isto é, 5,9 vezes a mais que o Brasil. Lembrando que isso é uma média,
tem países que gastam muito mais. Os dados divulgados foram conseguidos no site
do Ministério da Educação, Controladoria Geral do Estado do Rio Grande Sul,
OCDE, Câmara dos Deputados.
Aí
você mesmo pode chegar à conclusão de como a educação é prioridade, de como ela
é fundamental, de como ela é essencial. E isso que eu nem mencionei sobre o
salário dos professores, porque aí, a Educação se torna imbatível a atividade
mais essencial de todas. Só que infelizmente, ela é essencial só no discurso.
Mas tem gente que acredita que estamos na Finlândia.
Professor Fabrício Colombo de
Aguiar
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