A EMANCIPAÇÃO DA INDOCHINA

A EMANCIPAÇÃO DA INDOCHINA

As pretensões emancipacionistas da Indochina, formada pelos atuais Vietnã, Camboja e Laos e que havia sido colonizada pela França, eram registradas desde o início do século XX, já que a administração francesa insistia em reunir em uma mesma colônia diversas etnias diferentes. Durante a Segunda Guerra Mundial, no entanto, a Indochina foi invadida pelos japoneses, que tentavam impor um domínio imperialista sobre a Ásia, domínio este que foi interrompido em 1945, quando, após a derrota do Japão, o controle da Indochina voltou para a administração francesa.

Diante do retorno à condição de colônia europeia e da consequente insatisfação popular por parte dos indochineses, o líder nacionalista Ho Chi Minh tomou a frente das lutas e proclamou a independência do Vietnã em 1945, ato que iniciou uma longa batalha entre a Indochina e a França. A solução para o conflito veio apenas em 1954, quando, após serem derrotados na batalha de Diem Bienphu, os franceses reconheceram a independência da região através da Conferência de Genebra. O acordo, mediado pelas grandes forças internacionais, previa a divisão da península indochinesa em quatro países independentes: Laos, Camboja, Vietnã do Norte e Vietnã do Sul.

Se a separação política do Camboja e do Laos era almejada pela própria população indochinesa, a fragmentação do Vietnã foi uma divisão unilateral que refletia claramente as disputas travadas durante a Guerra Fria, afinal, o Vietnã do Norte, que tinha como capital a cidade de Hanói, optou pela adoção do socialismo, enquanto o Vietnã do Sul, que tinha como capital Saigon, era vinculado ao bloco capitalista comandado pelos EUA.

Vale ressaltar, ainda, que, de acordo com a Conferência de Genebra, em 1956 haveria a realização de um plebiscito junto aos vietnamitas do norte e do sul para que pudessem decidir sobre a reuni cação ou não do país em um só regime. Temendo perder o plebiscito, devido ao prestígio de Ho Chi Minh, o primeiro-ministro do Vietnã do Sul, Ngo Dinh Diem, instalou uma ditadura no país, apoiada pelos Estados Unidos, e cancelou as eleições.

A atitude autoritária por parte do Vietnã do Sul fez com que os guerrilheiros comunistas que ali viviam, os vietcongs, se confrontassem com as tropas do governo de Saigon. O que a princípio parecia ser um simples levante popular tornou-se uma violenta guerra civil em 1959, quando o Vietnã do Norte, apoiado pela União Soviética e pela China, declarou guerra ao Vietnã do Sul, que, por sua vez, era apoiado pelos Estados Unidos. O conflito ganhou proporções tão grandes que, entre 1965 e 1968, mais de 500 mil soldados estadunidenses foram enviados ao Vietnã. Ainda assim, quem mais sofreu com o conflito foi a população civil, que era alvejada por meio da utilização de armas químicas, como o napalm e os desfolhantes.

Apesar do poderio bélico dos Estados Unidos e da utilização de armas de grande poder destrutivo, nos campos de batalha, eram os vietcongs e o Exército nortista que obtinham as maiores vitórias, por meio da utilização da densa vegetação vietnamita, que servia como subsídio adequado para a prática das táticas de guerrilhas. Assim, após registrar inúmeras baixas entre os seus soldados e diante da rejeição da opinião pública internacional, os Estados Unidos assinaram o Acordo de Paris (1973), por meio do qual se comprometiam a retirar as suas tropas da região. A guerra prosseguiu até 1975, quando o Vietnã do Norte tomou Saigon e reunificou o país sob o regime socialista.

 

 

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