O ILUMINISMO
O Iluminismo, também conhecido
como Ilustração, foi o conjunto de ideias que, no século XVIII, serviu de base
teórica para as contestações que levaram à queda do Antigo Regime. Os filósofos
iluministas formularam uma série de propostas que abrangiam os campos da
política, da sociedade, da economia e da religião. Por meio da publicação de
seus textos (muitas vezes de forma clandestina) em livros, jornais e panfletos,
os iluministas defendiam alguns temas que servem de fundamento, ainda hoje,
para a vida em sociedade. Apesar de esses pensadores divergirem em vários
pontos, pode-se definir algumas características comuns desse movimento.
As críticas dos iluministas se
voltavam, principalmente, para a organização do Estado absolutista e sua
política econômica mercantilista, tendo sido a Igreja também um dos alvos das
contestações. Pode-se dizer, de modo geral, que esses pensadores defendiam a
liberdade de forma intransigente, fosse ela política, de comércio, de expressão
ou religiosa.
De acordo com esses pensadores, o
Estado absolutista e suas rígidas hierarquias sociais impediam a garantia dos
direitos inalienáveis do homem. Isso se tornava inadmissível para os
iluministas, que acreditavam que os homens eram portadores de direitos naturais
dos quais não podiam ser privados, como a liberdade, a igualdade e a
propriedade privada. Desse pensamento resulta o fato de as monarquias
absolutistas e a Igreja serem os principais alvos dos ataques.
Como princípio do movimento, os
iluministas reafirmavam a razão como a base do conhecimento, radicalizando,
desse modo, as mudanças em relação ao pensamento medieval provocadas pelo
Renascimento e pela Revolução Científica. O predomínio da razão conduziria,
inevitavelmente, ao progresso e asseguraria ao homem a liberdade para a busca
de sua felicidade.
O Iluminismo pode ser enquadrado
em um processo mais amplo, de libertação da razão, que teve suas origens no
final da Idade Média. O Renascimento e, posteriormente, a Revolução Científica
teriam iniciado esse processo, no qual o conhecimento humano seria,
gradativamente, afastado da influência da Igreja e da religião. Alguns
importantes pensadores do século XVII serviam de inspiração para o Iluminismo,
que viveu o seu auge no século XVIII, também chamado de Século das Luzes. Foi
principalmente a partir da França que o pensamento da Ilustração se irradiou
para o restante do continente europeu e do planeta.
O Iluminismo apresenta íntima
relação com o fortalecimento da burguesia, pois o desenvolvimento econômico
desse grupo, desde o final de Idade Média, não havia sido acompanhado pela
tomada do controle político dos Estados Modernos. Isso ocorreu porque a
sociedade do Antigo Regime ainda era marcada por práticas que mantinham
privilégios para o grupo menos produtivo da sociedade, a nobreza. A defesa dos
direitos inalienáveis passou a ser encampada pela burguesia e serviu de
justificativa para a tomada do poder político por essa classe.
Associado ao individualismo
burguês, o ideário iluminista, que defendia a liberdade política e econômica, serviu
como base para os movimentos que destruíram as estruturas do Antigo Regime. As
revoluções burguesas na Europa e as lutas por independência nas Américas são
exemplos do alcance e das transformações provocadas por essas ideias. Tais
movimentos foram precedidos por uma transformação na maneira do homem de
enxergar o mundo e a sociedade em que vivia.
Por fim, é importante lembrar a
distância existente entre as teorias e os ideais defendidos pelos iluministas e
sua efetiva realização. Tomado o poder pela burguesia, as ideias mais radicais
foram relativizadas e, apesar da consolidação da ordem liberal burguesa, a
participação política ficou restrita à alta burguesia, que buscou meios de
preservar a propriedade privada.
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