YIN YANG
O Yin-Yang é o símbolo do
Taoísmo, uma das mais conhecidas religiões dharmicas. Um círculo dividido ao
meio por uma linha ondulada; uma metade é negra (yin) e a outra é branca
(yang). Cada metade tem também um pequeno círculo da cor oposta, ou seja, a
metade branca tem um círculo negro e a negra tem um círculo branco. Esse
símbolo representa o equilíbrio das forças positivas e negativas do universo: a
metade negra representa o negativo, o escuro, a noturno e o feminino e a metade
branca representa o suave, o iluminado, o diurno e o masculino. O círculo menor
representa a presença de cada um no outro. Alguns estudiosos sem excepcional
experiência com a filosofia chinesa clássica dizem que o yang é o bem e o yin é
o mal; contudo, segundo o físico teórico Fritjof Capra, influenciado pela obra
de estudiosos como Needham, o mal e o nocivo não são o yin, mas o desequilíbrio
entre os dois pólos yin-yang e o bem não é o yang, é o equilíbrio dinâmico
entre estes dois pólos arquetípicos que formam o Tao. Na concepção chinesa,
todas as manifestações do Tao são geradas pela interação dinâmica desses dois
pólos arquetípicos, os quais estão associados a numerosas imagens de opostos
colhidas na Natureza e na vida social. É importante, e muito difícil para nós,
ocidentais, entender que esses opostos não pertencem a diferentes categorias,
mas são pólos extremos de um único todo. Nada é apenas yin ou apenas yang.
Todos os fenômenos naturais são manifestações de uma contínua oscilação entre
os dois pólos; todas as transições ocorrem gradualmente e numa progressão
ininterrupta. A ordem natural é de equilíbrio dinâmico entre o yin e o yang. Os
termos yin e yang tornaram-se recentemente muito populares no Ocidente, mas
raramente são usados em nossa cultura na acepção chinesa. Quase sempre refletem
preconceitos culturais que distorcem seriamente seu significado original. Uma
das melhores interpretações é dada por Manfred Porkert em seu estudo abrangente
da medicina chinesa. Segundo Porkert, o yin corresponde a tudo o que é
contrátil, receptivo e conservador, ao passo que o yang implica tudo o que é
expansivo, agressivo e exigente. Na cultura chinesa, o yin e o yang nunca foram
associados a valores morais. Desde os tempos mais remotos da cultura chinesa, o
yin está associado a feminino e o yang ao masculino. Essa antiga associação é
extremamente difícil de de avaliar hoje, por causa de sua reinterpretação e
distorção em subsequente eras patriarcais. Em biologia humana, as
características masculinas e femininas não estão nitidamente separadas, mas
ocorrem, em proporções variáveis, em ambos os sexos. Da mesma forma os chineses
acreditavam que todas as pessoas, homens ou mulheres, passam por fases yin e
yang. A personalidade de cada homem e de cada mulher não é uma entidade
estática, mas um fenômeno dinâmico resultante da interação entre elementos
masculinos e femininos. Essa concepção da natureza humana está em contraste
flagrante com a da nossa cultura patriarcal, que estabeleceu uma ordem rígida
em que se supõe que todos os homens, machos, são masculinos e todas as
mulheres, fêmeas, são femininas, e distorceu o significado desses termos ao
conferir aos homens os papéis de protagonistas e a maioria dos privilégios da
sociedade. Em virtude dessa predisposição patriarcal, a frequente associação do
yin com a passividade e do yang com a atividade é particularmente perigosa. Em
nossa cultura, as mulheres têm sido tradicionalmente retratadas como passivas e
receptivas, e os homens como ativos e criativos. Essas imagens remontam à
teoria da sexualidade de Aristóteles, e têm sido usadas ao longo dos séculos
como explicação científica para manter as mulheres num papel subordinado,
subserviente, em relação aos homens. A associação do yin com passividade e do
yang com atividade parece ser ainda uma outra expressão de estereótipos
patriarcais, uma moderna interpretação ocidental que está longe de refletir o
significado original dos termos chineses. É um símbolo muito presente não só na
religião, mas também em toda a cultura do mundo contemporâneo e é conhecido
tanto no Ocidente quanto no Oriente. Um exemplo disso é o brasão de armas do
renomado físico de Mecânica Quântica Niels Bohr que tem o símbolo chinês do Tao
yin-yang e acima deste a frase, em Latim: "Contraria sunt
complementa" que significa os opostos ou os contrários (Contraria) são
(sunt, terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo sum,
ser/estar, existir, cujo infinitivo é esse) complementares (complementa).
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