A GRANDE DEPRESSÃO PELO MUNDO
A Grande Depressão causou grande
recessão econômica em diversos outros países, não só nos Estados Unidos. Em
muito destes países, a recessão provocada pela Grande Depressão gerou efeitos
similares na economia destes países, como o fechamento de milhares de
estabelecimentos bancários, financeiros, comerciais e industriais, e a demissão
de milhares de trabalhadores.
Os efeitos da Grande Depressão em
vários países foram agravados pelo Ato Tarifário Smoot-Hawley, um ato americano
introduzido em 1930, que aumentava impostos a cerca de 20 mil produtos
não-perecíveis estrangeiros, que causou a aprovação de leis e atos semelhantes
em outros países, reduzindo drasticamente exportações e o comércio
internacional.
Em vários dos países afetados,
partidos políticos extremistas, de caráter nacionalista, apareceram. Outros
partidos políticos, de cunho comunista, também foram criados. No Reino Unido,
por exemplo, tanto o Partido Comunista da Grã-Bretanha quanto a União Britânica
de Fascistas receberam considerável suporte popular. O mesmo ocorreu com o
Partido Comunista canadense.
Outros partidos políticos menos
extremistas também surgiram. A grande maioria, se não todos, prometiam retirar
o país (ou uma dada província/estado) da recessão. O Partido do Crédito Social
do Canadá, de cunho conservador ganhou grande suporte popular em Alberta,
província canadense severamente afetada pela Grande Depressão. Em alguns destes
países, partidos extremistas foram proibidos, como no Canadá. Outros partidos
políticos extremistas, porém, conseguiram chegar ao poder, notavelmente os
nazistas na Alemanha e os fascistas na Itália.
A Alemanha foi derrotada pela
Tríplice Entente na Primeira Guerra Mundial. A Entente cobrou pesadas
indenizações de guerra por parte dos alemães - que em dólares americanos atuais
seriam da ordem dos trilhões de dólares - entre outras pesadas punições impostas
pelo Tratado de Versalhes. Começa então o período da história alemã chamado por
historiadores como República de Weimar. Os anos da década de 1920 foram
caracterizadas por hiperinflação em 1923 e o grande aumento da dívida externa
do país entre 1925 e 1930.
Quando a Grande Depressão teve
início em 1929, o governo alemão acreditou que cortes em gastos públicos iriam
estimular o crescimento econômico do país, assim cortando drasticamente gastos
estatais, incluindo no setor social. O governo alemão esperava e acreditava que
a recessão, inicialmente, iria deteriorar a Alemanha socioeconomicamente,
esperando com o tempo, porém, a melhoria da estrutura socioeconômica do país,
sem intervenção do governo. A República de Weimar cortou completamente todos os
fundos públicos ao programa de ajuda social para desempregados - o que resultou
em maiores contribuições pelos trabalhadores e menores benefícios aos
desempregados - entre outros cortes no setor social. A recessão, com seu auge
em 1932, trouxe à nação um índice altíssimo de desemprego, que beirava os 45%.
O Marco alemão decresceu a valores quase insignificantes, por volta de um
milionésimo. Portanto, o alemão médio que havia poupado riquezas por um longo
prazo agora só poderia usá-las para tomar um café.
Com uma classe baixa e média
desempregadas e extremamente descontentes o país se afundou na desordem. A
República de Weimar tinha perdido toda sua credibilidade frente à população,
principalmente os alemães médios, que tinham tido os seus tradicionais e viçosos
valores feridos. Este foi mais um fator que propiciou o surgimento das ditas
ultradireitas nacionais e, ao mesmo tempo, um facilitador à ascensão do Führer
Adolf Hitler no governo do país, em 1933, marcando o fim da República de Weimar
e o início de um período de crescimento socioeconômico alemão, conhecido como
III Reich.
O Reino Unido saiu vencedor na
Primeira Guerra Mundial. Porém, a guerra e a destruição causada pela última
destruíram a economia britânica. Desde 1921, a economia do Reino Unido lentamente
recuperou-se da guerra, e da recessão causada por esta. Mas em abril de 1925, o
chanceler britânico Winston Churchill, respondendo a um conselho do Banco da
Inglaterra, fixou o valor da moeda nacional ao padrão-ouro, à taxa pré-guerra,
de 4,86 dólares. Isto fez o valor da moeda britânica convertível ao seu valor
em ouro, mas causou também o encarecimento dos produtos exportados pelo Reino
Unido a outros países. A recuperação econômica do Reino Unido caiu
drasticamente, o que causou redução de salários no país inteiro, debilitando a
economia nacional.
Quando a Grande Depressão teve
início nos Estados Unidos, em 1929, diversos países no mundo inteiro criaram ou
aumentaram tarifas alfandegárias, o que causou uma grande diminuição nas
exportações de produtos britânicos. A taxa de desemprego saltou de 8% para 20%
no final de 1930. O Reino Unido cortou gastos públicos - que incluíram fundos
dados para programas de ajuda social aos desempregados. Em 1931, mais cortes em
salários e programas de ajuda social foram realizadas, e o imposto de renda
nacional, foi aumentado. Estas medidas somente pioraram a situação
socioeconômica do país, e em 1932, ápice da Grande Depressão no Reino Unido, as
taxas de desemprego eram de 25%. Foi somente com o abandono do padrão-ouro e a
instalação de tarifas alfandegárias para produtos importados de qualquer país
que não fossem parte do Império Britânico, que a economia britânica passou a
gradualmente recuperar-se.
Na França, a Grande Depressão
atingiu o país um pouco mais tardiamente do que outros países, em torno de
1931. Como o Reino Unido, a França estava ainda recuperando-se da Primeira
Guerra Mundial, tentando sem muito sucesso recuperar os pagamentos que possuía
direito da Alemanha. Isto levou à ocupação do vale do Ruhr por forças francesas
no início da década de 1920. A ocupação francesa do Ruhr não fez com que a
Alemanha retomasse os seus pagamentos, levando à implementação do Plano Dawes
em 1924, e do Plano Young em 1929. Porém, a Grande Depressão teve drásticos
efeitos na economia local, e explica em parte os motins de 6 de fevereiro de
1934 e a formação da Frente Popular, liderada pelo socialista Léon Blum, que
venceu as eleições de 1936.
Por causa da Grande Depressão, o
comércio internacional de produtos caiu drasticamente. A Austrália, que
dependia da exportação de trigo e algodão, foi um dos países mais severamente
atingidos pela Depressão no Mundo Ocidental. A taxa de desemprego alcançou um
recorde de 29% em 1932, uma das mais altas do mundo até os dias atuais. As exportações
de produtos agrários e minérios, tais como café, trigo e cobre, de países da
América Latina, caiu de 1,2 bilhão de dólares em 1930 para 335 milhões de
dólares em 1933, aumentando para 660 milhões de dólares em 1940. Os efeitos da
crise fizeram com que em alguns destes países, muitos agricultores passassem a
investir seu capital na manufatura, causando a industrialização destes países,
em especial, a Argentina e o Brasil. Neste segundo país, aliás, a
industrialização se acelerou com a perda de poder político dos cafeicultores do
estado de São Paulo, fenômeno consolidado com a vitoriosa Revolução de 1930.
A Ásia também foi afetada
negativamente com a Grande Depressão, por causa da dependência da economia de
diversos países asiáticos em relação à exportação de produtos agrários à Europa
e à América do Norte. O comércio internacional asiático caiu drasticamente, na
medida em que os Estados Unidos e a Europa foram cercadas pela recessão. Houve
uma vasta queda de preços de produtos como lã e arroz, enquanto que a sua
produção se multiplicava como forma de reação à queda nos preços. Isso fez com
que instalações comerciais e industriais asiáticas respondessem através de
demissões e redução nos salários. O PIB do Império do Japão, com uma base
industrial em crescimento, sofreu uma queda de 8% entre 1929 e 1930. As taxas
de desemprego e de pobreza cresceram drasticamente, afetando
desproporcionalmente as classes inferiores. Esta foi uma das causas da ascensão
do nacionalismo japonês. O Japão recuperou-se da crise em 1932.
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