A POLÍTICA E A EDUCAÇÃO

A POLÍTICA E A EDUCAÇÃO

            Aproveitando que estamos em semana eleitoral para abordar esse assunto que nos últimos anos se tornou polêmico, mas não deveria. Quero lembrar que um dos objetivos da escola é consolidar o processo de cidadania na formação dos jovens, quando eles completam a educação básica, ou seja, concluem o ensino médio. Daí é necessário fazer um questionamento óbvio: Como formar cidadãos sem falar em política?

            A resposta é muito simples é impossível. Como já dizia Aristóteles (384-322 a.C) o “homem é um ser político por natureza”. Ele quis dizer com isso que por natureza o ser humano tem necessidade de viver em sociedade e, para isso, cada cidadão deve ter sua responsabilidade na sociedade em quem vive. Pois bem, sabemos que a ignorância impede esse entendimento. Pessoas iletradas tem menos capacidade de entender e questionar o que ocorre em sua volta, principalmente nos aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos que são as estruturas da sociedade. E as questões políticas são definidoras das outras estruturas. É através da política que se determina os rumos econômicos, que se procura resolver as questões sociais.

            É um erro gravíssimo achar que isso não pode ser discutido na escola, ainda mais em um país que distorce os conceitos políticos e a história para enganar e controlar a sociedade. Um exemplo clássico de distorção das ideologias são os partidos políticos no Brasil. Já que a moda é classificar tudo em direita e esquerda, para sermos didáticos, vamos lá: No mundo inteiro um partido liberal tende para esquerda, na Revolução Francesa onde nasce essa dicotomia  que os liberais eram de esquerda e os conservadores de direita, pois os liberais são a favor de mudanças e de ideias liberalizantes como a própria palavra liberal diz e, os conservadores, como a própria palavra diz querem conservar as coisas como estão, manter aquilo que é tradicional, quem está no poder deve permanecer, quem não está, deve continuar fora dela, é contra mudanças. No Brasil os liberais são conservadores e tendem a direita, distorcendo o significado de liberal, pois não pode haver um liberal conservador, isso é contraditória. Da mesma forma os partidos trabalhistas tendem a esquerda, no Brasil nós temos partidos trabalhistas de centro-direita, mais uma contradição.

            Isso tem que ser ensinado nas escolas. Quais são as ideologias existentes, o que elas significam? O que elas defendem? O que elas propõem? E quais são suas contradições? Isso não é transformar a escola em partidária; isso é construir a cidadania, onde o jovem como cidadão tem poder de escolher, saiba identificar o que significam as “correntes” políticas e seus discursos, justamente para não ser enganado. Para que não seja um alienado, para que não seja uma peça no tabuleiro e sim um jogador que saiba mover as peças conforme sua vontade e suas escolhas. Que ninguém precise escolher por ele; que ele saiba percorrer o seu caminho sem que outros apontem para onde ele deva ir.

            Aqueles que defendem que política não é assunto de escola querem manter a sociedade na ignorância, na sombra, no cabresto, que sejam pessoas incapazes de construir sua própria opinião e ser capaz de argumentar, de questionar. Não podemos esquecer que é função e obrigação da escola formar seres pensantes, livres, que sejam capazes de caminhar com suas próprias pernas. E como fazer isso sem discutir as coisas do mundo, da vida, da sociedade. E discutir essas coisas é ser um ser político por natureza.

Prof. Fabrício Colombo de Aguiar

           

 

 

 





 

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