Tratado de Tordesilhas
O Tratado de Tordesilhas,
assinado em sete de junho de 1494, foi um acordo entre o monarca de Portugal,
D. João II, e os reis do que hoje é a Espanha moderna, Isabel I de Castela e
Fernando II de Aragão. Apesar de o documento ter sido o resultado das recentes
descobertas das viagens do navegador genovês Cristóvão Colombo, para entender
por completo sua relevância histórica é necessário ter em mente acordos prévios
feitos entre as potências ibéricas.
Em paralelo ao recuo islâmico na
Península Ibérica, a partir do século XIII, os castelhanos disputaram com os
portugueses a exploração e domínio da costa atlântica africana, considerada
essencial para garantir uma passagem para a Índia que não dependesse
exclusivamente do Mar Mediterrâneo. Durante o século XV, a contínua expansão
dos reinos ibéricos nesta direção gerou conflitos comerciais e, por
consequência, rivalidade política. A partir da década de 1450, reis portugueses
solicitariam intervenção a sucessivos papas, a fim de garantir não apenas a
posse temporal e espiritual das terras já descobertas, mas também dos
territórios ainda desconhecidos no Atlântico.
Por volta da época da disputada
ascensão ao trono de Isabel I de Castela, em 1474, um primeiro tratado começou
ser negociado por Portugal para aquietar as disputas a respeito, culminando
finalmente no chamado Tratado de Alcáçovas. Assinado pelas duas partes em 1479,
o documento acertava a paz entre os reinos após a Guerra de Sucessão Castelhana
(1475-79), tendo como principais cláusulas a renúncia de D. Afonso V ao trono
de Castela e um futuro casamento entre os filhos dos soberanos. Além disso, o
tratado demarcava as zonas de influência de cada lado no Oceano Atlântico ao
estabelecer o domínio dos Reis Católicos nas Ilhas Canárias, garantindo aos
portugueses a exploração de todas as terras ao sul. Ambos os reinos
comprometeram-se a não infligir os domínios estabelecidos, e o papa Sisto IV
ratificou o acordo em 1481.
Em 1492, contudo, ocorreram as
primeiras descobertas por Cristóvão Colombo, alterando por completo a situação
diplomática estabelecida anteriormente. Quase que imediatamente após a chegada
do navegador à Espanha, o casal real procurou garantir o apoio do papa aragonês
Alexandre VI. De acordo, uma bula (bula Inter coetera) foi publicada em maio de
1493, estabelecendo que todas as terras descobertas e ainda por descobrir a
oeste das Ilhas Canárias eram possessão exclusiva dos Reis Católicos, restando
a Portugal apenas as terras a leste. Julgando que tal decisão do pontífice
contradizia diretamente o Tratado de Alcáçoças assinado alguns anos antes, o
rei D. João II procurou Isabel I e Fernando II para negociações paralelas.
Enfrentando uma situação interna problemática e procurando evitar a hostilidade
do reino vizinho, os monarcas acabaram por concordar, e o acordo foi selado.
Ficou decidido que a separação das terras demarcadas seria feita a partir de um
meridiano que estaria a 370 léguas (aproximadamente 1780 quilômetros) a oeste
das ilhas de Cabo Verde; todas as terras a oeste seria da Coroa espanhola,
enquanto as terras a leste pertenceriam à monarquia portuguesa. Contudo, como
os espanhóis necessitariam de navegar pelas águas portuguesas para atingir seus
próprios domínios, certas cláusulas garantiam passagem segura, embora ainda
proibissem qualquer exploração.
Apesar das dificuldades em
aplicá-lo de forma estrita, o Tratado de Tordesilhas seria o primeiro de uma
série de acordos que buscavam a demarcação de territórios, sendo assim um marco
fundamental para a história colonial do século XVI.
https://www.infoescola.com/historia/tratado-de-tordesilhas/
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