OS LANCEIROS NEGROS
Os negros durante a Guerra dos
Farrapos foram fundamentais e tiveram uma participação ativa ao longo dos 10
anos do confronto. Estima-se que, ao todo, eles representariam aproximadamente
um terço à metade do exército republicado e posteriormente, foram integrados ao
grupos dos farrapos na cavalaria ou na infantaria. A primeira foi criada em 12
de setembro de 1836 e a segunda em 31 de agosto de 1838, respectivamente. Em 31
de agosto de 1838, 426 combatentes juntaram-se ao exército.
Eles foram recrutados entre os
escravos campeiros e domadores das Serras dos Tapes e do Herval, localizadas
entre os municípios de Canguçu, Piratini, Caçapava, Encruzilhada e Arroio
Grande, com a promessa de libertação após a vitória dos Farrapos. No primeiro
momento, foram comandados pelo Tenente Coronel Joaquim Pedro Soares, mais tarde
tiveram por chefe o Major Joaquim Teixeira Nunes.
Antes da criação dos Lanceiros
Negros, os negros já tinham tido um papel de destaque em confrontos nacionais,
como a tomada de Porto Alegre em 1835 e de Pelotas em abril de 1836. Os grupos
eram compostos por escravos negros e alforriados, índios, mestiços e escravos
fugidos de outros países, principalmente o Uruguai. Além de soldados e grandes
defensores dos farrapos, os negros também trabalhavam como tropeiros,
mensageiros, campeiros e ajudavam na fabricação de pólvora e no cultivo do fumo
e erva-mate, apreciadas pelo grupo.
A Guerra dos Farrapos não tinha
como objetivo central a abolição da escravatura, que só seria encerrada cerca
de 40 anos depois. Ainda assim, ela foi de suma importância para por em questão
diversos temas que estavam em curso no Brasil e não condiziam com os ideais
liberais seguidos pelos farrapos.
Atualmente, os Lanceiros Negros
são lembrados por alguns movimentos sociais visando salientar a pouca
importância dada na época à participação dos negros na Guerra dos Farrapos. De
uma certa maneira, o objetivo desses grupos é legitimar as ações, as memórias e
os acontecimentos dos Lanceiros Negros na Guerra dos Farrapos. Em razão da manutenção
dessa memória foi construído em 2004 um monumento a eles na cidade de Caçapava
do Sul, localizada no Rio Grande do Sul. O desastre dos Porongos levou
Canabarro a um tribunal militar farroupilha. Com a paz em 1845, o trâmite
seguiu por anos na justiça militar, tendo sido arquivado em 1866.
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