O QUE O GOVERNO E A GRANDE IMPRENSA NÃO DIZEM SOBRE O NOVO ENSINO MÉDIO

O QUE O GOVERNO E A GRANDE IMPRENSA NÃO DIZEM SOBRE O NOVO ENSINO MÉDIO

                Ao vermos as propagandas sobre o Novo Ensino Médio que está sendo implementado a partir deste ano no Estado do Rio Grande do Sul, acreditamos que estamos diante de uma grande mudança na educação brasileira. Os alunos escolherão parte do querem estudar, as escolas prepararão os estudantes para o mercado de trabalho transmitido conhecimentos técnicos, saíram formados em uma profissão; os professores todos preparados e devidamente formados para ministrar os novos componentes curriculares; as escolas todas equipadas com diversos laboratórios e equipamentos para atender a demanda das escolhas que serão realizadas.

                Infelizmente isso não é verdade, é um crime a propaganda propagada pelo governo e pelos grandes meios de comunicação de como vai funcionar o Novo Ensino Médio. Primeiramente as escolas não se tornarão técnicas, nenhum aluno vai ser formado para o mercado de trabalho, a não ser para continuar sendo mão de obra barata e explorada. Se a pessoa quiser uma formação técnica ela vai ter que freqüentar uma escola técnica, como sempre foi. As escolas normais de Ensino Médio não irão formar técnicos, nem especialistas.

                Outra falácia é que os estudantes escolherão livremente o que querem estudar. Não é assim, a escolha vai ser dirigida. Eles irão escolher aquilo que vai ser ofertado pela escola, que será igual em todas as escolas da rede pública estadual. Primeiro, o aluno vai escolher entre quatro áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Dentro de cada área do conhecimento existem duas opções. Se o aluno optar por Humanas, por exemplo, ele vai ter que escolher entre Cidadania e Relações Interpessoais ou Empreendedorismo; Linguagens têm as opções de Expressão Corporal ou Expressões Culturais; Ciências da Natureza, Sustentabilidade ou Saúde e; Matemática: Educação Financeira ou Tecnologia.

                Serão escolhidos dois Itinerários Formativos como são denominados no novo currículo. Mas a escolha individual do estudante não está garantida. Vai ser implementado na escola os dois itinerários que forem mais votados. Esses itinerários são escolhidos para o 2º e o 3º anos, pois no 1º ano, a formação dos itinerários já está estabelecida. Outro detalhe muito importante que não é divulgado, é que essa escolha será realizada pelos alunos deste ano e valerá para os outros anos, ou seja, os alunos do próximo ano não vão escolher nada. Isso quer dizer que os alunos dos próximos anos irão estudar os itinerários escolhidos pelos estudantes de 2022. Depois das escolhas realizadas, o governo irá organizar os componentes curriculares (as disciplinas) que serão aplicadas em sala de aula na prática. O que vai acontecer, no final do ano os professores ficarão sabendo quais serão esses novos componentes e provavelmente terão um ou dois meses para se prepararem. Bom, melhor do que esse ano, que não tivemos nenhum dia para nos preparamos para os componentes novos do 1º ano.

                Quero deixar aqui que não sou contra mudanças. O que eu sou contra é da forma que ela é feita e de como ela é passada para a sociedade. De um jeito totalmente distorcido e mentiroso. É interessante os estudantes poderem escolher parte do currículo, mas não é verdade que eles irão fazer. Se o aluno quiser se aprimorar em artes ou esportes, por exemplo, não vai poder. Esses dois componentes tiveram sua carga horária drasticamente diminuída no Ensino Médio. Dizer que serão preparados para o mercado de trabalho é uma demagogia maior ainda. Não serão preparados nem para o mercado de trabalho, nem para o vestibular e muito menos para o ENEM, pois os componentes que caem na prova do ENEM tiveram seus períodos de aula reduzidos. O Brasil já carece de mão de obra qualificada, irá ficar mais carente ainda; o acesso a universidade se tornará mais difícil para as camadas economicamente menos privilegiadas. As escolas particulares não reduziram a carga horária dos componentes obrigatórios, acrescentaram mais horas de estudos com os itinerários formativos. Teremos de um lado, os estudantes das escolas particulares estudando mais e os das escolas públicas estudando menos.

                Enfim, não espere do Novo Ensino Médio o que aparece nas propagandas e na divulgação dos grandes meios de comunicação e muito menos no discurso dos políticos. Essas informações não chegam nem perto da realidade. A verdade é que o Novo Ensino Médio da forma que ele realmente será aplicado é apenas uma roupa nova para um mesmo modelo.

Professor Fabrício Colombo de Aguiar

                

 

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