GOVERNO JÂNIO QUADROS (1961)
Garantindo uma expressiva
vitória, o novo presidente, Jânio Quadros, pautou seu projeto eleitoral no
combate à corrupção – utilizava a vassoura como símbolo, que varreria esse mal
do país – e na sua imagem carismática, capaz de atrair a atenção e o voto do
eleitorado. Presidente eleito através de uma aliança com vários partidos, entre
eles a UDN, Jânio mostrou-se um político habilidoso, que foi capaz de construir
uma trajetória política meteórica no estado de São Paulo.
Sua carreira, porém, não seria su
ciente para garantir uma administração tranquila na Presidência. As negativas
consequências advindas da economia pósJK careciam de um projeto econômico
ortodoxo, recessivo e pautado no controle dos gastos públicos e na redução da
capacidade de compra do cidadão, através da suspensão do aumento de salários,
visando reduzir a in ação e a circulação monetária.
A opção por uma política externa
independente também foi responsável pelo aumento da pressão sobre o presidente,
principalmente após condecorar o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara com
a Ordem do Cruzeiro do Sul – a mais alta condecoração brasileira atribuída a
personalidades estrangeiras. Em um cenário de polarização mundial com a Guerra
Fria, Jânio flertava com uma política externa de não alinhamento, que
contradizia a posição liberal de sua base política, pró-EUA.
Na tentativa de desviar a atenção
da sociedade dos grandes temas do país, o presidente apresentava projetos de
menor importância, como a proibição do biquíni, do jogo de bicho e da briga de
galo. Em poucos meses, os aliados já haviam se afastado de Jânio Quadros, que
se mostrava incapaz de manter uma postura ideologicamente coerente, gerando até
o distanciamento da UDN. Em 25 de agosto de 1961, surpreendendo novamente toda
a nação, o presidente enviou um comunicado ao Congresso informando sua renúncia
ao cargo.
A jogada política de Jânio era
orientada pela ideia de que seu pedido seria negado pelo Congresso, visto que
uma parcela da elite brasileira e os setores militares não desejavam a posse do
vice-presidente, João Goulart, herdeiro político de Getúlio Vargas, que,
naquele momento, estava em visita à China comunista. Para o malgrado da
carreira de Jânio, o Congresso Nacional aceitou a sua renúncia e empossou,
provisoriamente, Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara, como novo chefe do
Executivo. O populismo já dava sinais de seu esgotamento.
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