FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA
Os filósofos pré-socráticos iniciaram o processo de produção do conhecimento da filosofia grega. A denominação atribuída a esse grupo de pensadores se justifica pelo fato de que eles antecedem Sócrates, um dos mais importantes nomes da filosofia clássica e um dos fundadores do pensamento filosófico ocidental.
A teorias que integram a produção intelectual dos filósofos pré-socráticos foram desenvolvidas no período compreendido entre os séculos VII ao V a.C. Durante esse período a natureza teve papel fundamental para a produção do conhecimento. Ela era utilizada como fonte para as explicações sobre a origem do ser e do mundo.
É por essa razão que os pensadores pré-socráticos também podem ser chamados de “filósofos da physis” ou ainda “filósofos da natureza”. Neste artigo, vamos conhecer alguns desses pensadores e os elementos que unificavam o pensamento desse período da história da filosofia.
Os filósofos pré-socráticos estão organizados em diferentes escolas de pensamento. Contudo, é possível dizer que esse coletivo heterogêneo partilha o mérito de ter rompido com a estrutura de pensamento predominante naquele período. É com os filósofos pré-socráticos que tem início o processo de transição da consciência mítica para a consciência filosófica. Isso acontece, justamente, devido à busca de justificativas lógicas e racionais para a origem das coisas.
Desse modo, é possível dizer que os filósofos pré-socráticos abandonam as explicações fornecidas pela mitologia grega. Esse processo é iniciado por Tales de Mileto, que nega a cosmogonia – sistema de explicações para a criação do universo a partir da atuação dos deuses – e dá início à cosmologia - explicações lógicas e racionais acerca do surgimento do universo. Por essa razão, o período pré-socrático também é denominado cosmológico.
O rompimento proposto pelos pré-socráticos implica em reposicionamento de lugares sociais de importância. A natureza passa a ocupar o lugar de centralidade para compreensão do universo que era atribuído aos deuses. E a tentativa de encontrar na natureza os esclarecimentos acerca do surgimento do universo é um elemento que vai caracterizar a produção filosófica desse período. Esse processo era realizado por meio da análise empírica do ambiente em que viviam.
Também caracteriza a produção intelectual desse período a busca por relações de casualidade entre os fenômenos observados na natureza. E o movimento empreendido pelos filósofos na tentativa de encontrar o princípio ou elemento primordial capaz de explicar todos os fenômenos da natureza (arché). Para o primeiro filósofo, Tales de Mileto, esse elemento era a água.
O redirecionamento das formas de inteligibilidade do mundo promovido pelos filósofos pré-socráticos torna-se possível devido a fatores como a diversidade de povos que integravam a região da Grécia Antiga; o desenvolvimento do comércio e da navegação; e as relações de contato estabelecidas com outros povos, em especial, os egípcios e os babilônicos.
A maior parte dos filósofos pré-socráticos não deixou produção escrita, além disso, muito do que foi redigido se perdeu, foi destruído ou apresenta pensamentos bastante fragmentados. Por esses motivos, é muito difícil a produção de um estudo aprofundado acerca do que foi produzido por esses intelectuais. Contudo, alguns deles se destacam pelas relevantes contribuições dadas para a cosmologia.
Tales de Mileto
Esse é o mais importante entre os filósofos do período pré-socrático, pois foi o primeiro a romper com a tradição do pensamento da cosmogonia. Para ele, a água era a origem de tudo e, desse modo, ela estaria na composição de todas as coisas existentes no mundo. A premissa existente em sua filosofia afirma que “tudo é um”.
Anaximandro de Mileto
Anaximandro foi discípulo de Tales e, assim como seu mestre, acreditava na existência de um princípio primordial que explicaria o universo, mas discordava dele ao definir que esse elemento seria o ápeiron e não a água. Ainda segundo Anaximandro, esse princípio era infinito e indestrutível.
Pitágoras de Samos
O nome desse filósofo é bastante conhecido devido ao “Teorema de Pitágoras” que faz parte do conteúdo programático de matemática, a outra disciplina a que ele se dedicou. Inclusive, de acordo com Samos, os números são a alma das coisas e, por consequência, seria a matemática o elo entre os elementos do universo.
Parmênides de Eleia
A estrutura do pensamento desse filósofo foi deixada em forma de poema. Nesse texto, ele afirma existir uma “via de verdade”, na qual podemos encontrar o pensamento verdadeiro, ou seja, racional, e uma “via de opinião” que é construída a partir da crença nos sentidos (audição, visão, paladar, tato e olfato).
Heráclito de Efeso
Esse filósofo defende a mudança como condição essência das coisas. Para ele, todas as coisas estão em constante processo de mudança, sendo esse caráter mutável essencial ao universo.
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