O RETORNO DE BENTO GONÇALVES
Em 15 de março de 1837, Bento
Gonçalves tentou escapar da prisão, no Rio de Janeiro, junto de outros
companheiros. Porém Pedro Boticário não conseguiu passar por uma janela, por
ser muito gordo, e, em solidariedade, Bento Gonçalves desistiu da fuga, na qual
escaparam Onofre Pires e o coronel Corte Real. Depois desta tentativa de fuga,
foi transferido para a Bahia, onde chegou em 26 de agosto de 1837, ficando
preso no Forte do Mar. Conseguiu, com auxílio da maçonaria, evadir-se da prisão
baiana em 10 de setembro de 1837, poucos dias antes do início da Sabinada.
Permaneceu algum tempo, clandestino, em Itaparica e Salvador, onde teve contato
com membros do movimento. Depois de despistar seus perseguidores, que achavam
que tinha partido para os Estados Unidos em uma corveta, chegou, via Buenos
Aires, de volta ao Rio Grande do Sul e, em 16 de dezembro de 1837, tomou posse
como Presidente da República. Nesta época os farrapos dominavam praticamente
toda a província, ficando os imperiais restritos a Rio Grande e São José do
Norte.
A 29 de agosto de 1838, Bento
lançou seu mais importante manifesto aos rio-grandenses, onde justificava as
irreversíveis decisões tomadas em favor da libertação do seu povo:
“ Toma na extensa
escala dos estados soberanos o lugar que lhe compete pela suficiência de seus
recursos, civilização e naturais riquezas que lhe asseguram o exercício pleno e
inteiro de sua independência, eminente soberania e domínio, sem sujeição ou
sacrifício da mais pequena parte desta mesma independência ou soberania a outra
nação, governo ou potência estranha qualquer. Faz neste momento o que fizeram
tantos outros povos por iguais motivos, em circunstâncias idênticas. ”
E no trecho final, um juramento importante:
“ Bem penetrados da
justiça de sua santa causa, confiando primeiro que tudo, no favor do juiz
supremo das nações, eles têm jurado por esse mesmo supremo juiz, por sua honra,
por tudo que lhes é mais caro, não aceitar do governo do Brasil uma paz ignominiosa
que possa desmentir a sua soberania e independência. ”
Estas palavras têm reflexo mais
tarde, quando da assinatura do Tratado de Poncho Verde.
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