GOVERNO EURICO GASPAR DUTRA (1946 - 1950)

GOVERNO EURICO GASPAR DUTRA (1946 - 1950)

Eleito pelo PSD e com o apoio do PTB, Eurico Gaspar Dutra conseguiu uma fácil vitória após obter o apoio do antigo presidente Getúlio Vargas. O momento histórico foi marcado pela tentativa de retorno à normalidade democrática, exigindo a convocação de uma Assembleia Constituinte que pudesse substituir a Carta de 1937, a qual apresentava feições fascistas. Elaborada no primeiro ano de mandato do Governo Dutra, a Constituição de 1946 era democrática e liberal, sendo orientada por projetos defendidos pela Constituição de 1934.

Entre as suas determinações, constava a divisão dos poderes, a liberdade de expressão, o pluripartidarismo e a manutenção de uma legislação trabalhista que garantia o direito de greve e mantinha o sindicato sob o controle do governo. A nova legislação eliminou a figura do deputado classista, retornando ao sistema eleitoral, no qual a escolha do Legislativo era determinada apenas pelo sufrágio universal.

O cenário da política nacional durante o Governo Dutra refletiu a bipolarização mundial gerada pela Guerra Fria. Seguidor da cartilha capitalista norte-americana, o novo governo rompeu ligações diplomáticas com a URSS, em 1947, e contrariou os princípios democráticos da nova Constituição, fechando o PCB, em 1948, e deixando claro que o sistema político brasileiro ainda mantinha a sua tradição de agir de modo arbitrário e ilegal. Reflexo disso foi o massacre de trabalhadores que apenas usufruíam o direito constitucional de greve e a interdição de mais de 150 sindicatos, ambas ações promovidas pelo governo.

A política econômica do Governo Dutra seguiu a linha liberal. A não intervenção do Estado na economia veio acompanhada de uma abertura para as importações, o que prejudicou o fluxo da balança comercial brasileira, sempre negativa nos primeiros anos de seu governo. As reservas econômicas garantidas pelo Governo Vargas no cenário da Segunda Guerra foram dissolvidas na compra de bens de consumo importados, que garantiam o acesso à modernidade para a classe média urbana em processo de ascensão.

O controle das importações só veio em 1947, quando seus efeitos na economia brasileira já eram profundos. No mesmo ano, o governo lançava o Plano SALTE, sigla dos setores para os quais desejava um maior desenvolvimento: Saúde, Alimentação, Transporte e Energia. O plano não solucionou as questões econômicas estruturais do Brasil, pois buscou apenas redirecionar os gastos do governo para garantir investimentos em tais setores. Apesar das dificuldades, a economia brasileira cresceu, em média, 7% ao ano, valor considerável no contexto econômico mundial do Pós-Guerra.

 

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