A REPÚBLICA JULIANA
Com a chegada da marinha
farroupilha a Santa Catarina, unindo-se às tropas do exército, sob o comando
geral de David Canabarro, foi possível preparar o ataque a Laguna por terra e
pela água. A marinha farroupilha entrou através da lagoa de Garopaba do Sul,
passando pelo rio Tubarão, e atacou Laguna por trás, surpreendendo os imperiais
que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa.
Garibaldi tomou um brigue e dois lanchões, enquanto somente o brigue-escuna
Cometa conseguiu escapar para o mar.
Laguna foi tomada, com ajuda do
próprio povo lagunense, em 22 de julho de 1839. Em 29 deste mês proclamou-se a
República Juliana, feito um país independente, ligada à República Rio-Grandense
pelos laços do confederalismo.
Após conquistar Laguna, as forças
farroupilhas continuaram rumo ao norte, perseguindo as tropas imperiais,
avançando cerca de 70 km até a planície do rio Maciambu. O avanço foi contido
devido a um entrincheiramento das forças imperiais, protegidas pela geografia
do Morro dos Cavalos, que dificultava o acesso das tropas farrapas e lhes
bloqueava o avanço para o ataque a Desterro, hoje Florianópolis.
Com a tomada de Laguna,
praticamente metade da província catarinense ficou em mãos republicanas. A
incorporação da vila de Lages, também sob controle rebelde, ao novo estado,
levou o território da República Juliana a se estender do extremo meridional até
o planalto catarinense.[36] Foi então organizada a República Juliana, sendo
convocadas eleições para constituição do governo. Canabarro ficou à frente do
governo da nova república até 7 de agosto de 1839, quando foi convocado o
colégio eleitoral. Foram eleitos para presidente o tenente-coronel Joaquim
Xavier Neves e para vice o padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro. Como
Xavier Neves estava em São José bloqueado pelas forças imperiais, o padre
Vicente Cordeiro assumiu a presidência.
Os farroupilhas ainda fizeram
incursões navais mais ao norte, chegando a atacar a barra de Paranaguá em 31 de
outubro de 1839. Uma escuna e um lanchão farroupilhas capturaram a sumaca Dona
Elvira, porém foram combatidos pelos canhões da fortaleza e obrigados a
retroceder. A escuna recuou rumo ao norte, porém o lanchão, mais pesado, por
ali parou e foi capturado por uma lancha com vinte homens comandada pelo
alferes Manuel Antônio Dias, sendo a lancha Dona Elvira recuperada.
O império impôs um bloqueio
naval, que buscava estrangular a república economicamente. Garibaldi ainda
conseguiu furar o bloqueio com três barcos, capturou dois navios de comércio,
trocou tiros com o brigue-escuna Andorinha e tomou o porto de Imbituba. Alguns
dias mais tarde retornou a Laguna, em 5 de novembro.
Pouco tempo depois o império
reagiu com força total, comandado pelo general Francisco José de Sousa Soares
de Andrea, mais conhecido como general Andrea, comandante de armas de Santa
Catarina, com mais de três mil homens atacando por terra. Enquanto isto, por
mar, o almirante imperial Frederico Mariath, com uma frota de 13 navios, melhor
equipados e experientes, iniciou a batalha naval de Laguna. Garibaldi fundeou
convenientemente seus cinco navios, que se bateram contra os imperiais
valentemente, mas sem chances de vitória. Nos navios farroupilhas nenhum
comandante ou oficial escapou com vida. O próprio Garibaldi, vendo a derrota
iminente, queimou seu navio, a escuna Libertadora, e se juntou à tropa de
Canabarro,que preparou a retirada de Laguna.Era o fim da marinha farroupilha.
Os imperiais retomaram Laguna em
15 de novembro de 1839. Garibaldi fugiu com Ana, que se tornaria conhecida como
Anita Garibaldi, uma mulher lagunense casada, cujo esposo alistara-se no
exército imperial, abandonando-a, um escândalo para a época. Anita veio a ser
sua companheira de todos os momentos, lutando lado-a-lado com Garibaldi tanto
nos pampas gaúchos como na Itália, onde é considerada heroína.
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