O GOVERNO CONSTITUCIONAL DE
GETÚLIO VARGAS
Logo após o fim da Revolução
Constitucionalista de 1932, o governo convocou eleições para a escolha da
Assembleia Nacional Constituinte. Composta de acordo com o Código Eleitoral, a Assembleia
contou com uma novidade: a presença dos deputados classistas, representantes
dos setores sindicalistas e das organizações patronais. Esses deputados
cumpririam o papel de defesa do interesse de seus grupos na nova legislação
brasileira.
Após oito meses de trabalho, a
Constituição de 1934 ficou pronta. A nova Carta, a terceira brasileira e a
segunda republicana, confirmava muitas das conquistas obtidas durante o Governo
Provisório, como o voto feminino e o voto secreto. Reconhecia, também, os sindicatos
e as associações. No artigo 121 da Constituição, confirmavamse os direitos
trabalhistas, como garantia do salário mínimo, férias anuais remuneradas,
limite de oito horas de trabalho diário, proibição do trabalho a menores de 14
anos, descanso semanal e indenização ao trabalhador dispensado sem justa causa.
As minas e quedas-d’água foram
nacionalizadas, de acordo com o perfil político que o presidente Vargas
defenderia no decorrer dos anos. Tal per l dizia respeito à articulação
progressiva entre a iniciativa privada e a orientação econômica estatal, uma
constante na política varguista. No dia seguinte à promulgação, Getúlio Vargas
foi eleito presidente pelo voto indireto, conforme determinações transitórias,
visto que a lei estipulava o sistema eleitoral direto para presidente para as
eleições de 1938.
O Governo Constitucional de
Vargas foi marcado por uma enorme influência do cenário político internacional,
uma vez que a Europa passava por uma divisão política que culminaria na Segunda
Guerra Mundial. Enquanto alguns países simpatizavam com regimes de
extrema-direita, como a Itália fascista de Benito Mussolini e a Alemanha
nazista de Adolf Hitler, a URSS implantava um sistema político de esquerda,
ainda que totalitário, conforme o distorcido projeto socialista de Stálin.
O reflexo das opções europeias
foi percebido na formação de duas organizações políticas no Brasil: Aliança
Nacional Libertadora e Ação Integralista Brasileira, os primeiros grupos a
mobilizar parcelas significativas da sociedade brasileira. O primeiro,
conhecido como ANL, fundado em 1935, representava os interesses antifascistas
do país, alcançando inúmeras lideranças de esquerda, com destaque para os
membros do Partido Comunista Brasileiro. O grupo era liderado por Luiz Carlos
Prestes, famoso pela ostensiva luta no Movimento Tenentista. Tocado pelos
preceitos marxistas após o fim da Coluna, o Cavaleiro da Esperança, como ficou
conhecido, procurou utilizar a Aliança para difundir os ideais socialistas no
país.
O reflexo das opções europeias
foi percebido na formação de duas organizações políticas no Brasil: Aliança
Nacional Libertadora e Ação Integralista Brasileira, os primeiros grupos a
mobilizar parcelas significativas da sociedade brasileira. O primeiro,
conhecido como ANL, fundado em 1935, representava os interesses antifascistas
do país, alcançando inúmeras lideranças de esquerda, com destaque para os
membros do Partido Comunista Brasileiro. O grupo era liderado por Luiz Carlos
Prestes, famoso pela ostensiva luta no Movimento Tenentista. Tocado pelos
preceitos marxistas após o fim da Coluna, o Cavaleiro da Esperança, como ficou
conhecido, procurou utilizar a Aliança para difundir os ideais socialistas no
país.
Entre as propostas do grupo,
destacam-se a luta pela reforma agrária, a nacionalização de empresas
estrangeiras e o não pagamento da dívida externa. A ANL era composta, em sua
maioria, de socialistas, contando também com a participação de liberais
antifascistas simpáticos a medidas populares. Contrária aos princípios da ANL,
a Ação Integralista Brasileira possuía traços ou inspirações fascistas.
Chefiado por Plínio Salgado (que já havia sido fundador de uma associação de
estudos políticos, na qual congregava intelectuais simpáticos ao fascismo),
representante do Modernismo dos anos 1920, o Movimento da AIB se espelhava no
regime de Mussolini na Itália, realizando apresentações públicas e movimentos
de massa que representavam o ideal de extrema-direita.
Uniformizados, os integralistas
utilizavam a letra grega “Σ” (sigma) como símbolo do grupo. Essa letra
corresponde ao “S” e pode ser entendida como soma. Segundo o grupo, é usada
para indicar a soma dos finitamente pequenos e também era a letra com a qual os
primeiros cristãos da Grécia indicavam o nome de Cristo (Soteros).Os integralistas
utilizavam o cumprimento “Anauê”, palavra do vocábulo tupi que servia de
saudação e grito dos indígenas, apresentando um conteúdo afetivo que significa
“Você é meu irmão”. Por meio de tais símbolos, os membros da AIB ecoavam o
ideário fascista de priorizar a coletividade em detrimento da afirmação da
individualidade como estratégia fundamental de controle.
Apesar de não se comprometer
diretamente com nenhum dos dois grupos, o Governo Vargas revelava-se mais
simpático às determinações de direita no país, sendo menos tolerante ao grupo
da ANL. Para definir tal inclinação do Governo Vargas ao regime de
extremadireita, utiliza-se o termo fascistoide, por não se referir à absorção
literal da ideologia fascista. Como consequência, a ANL foi fechada, em novembro
de 1935, a pedido de Filinto Müller, chefe de polícia e atuante no regime, que
acreditava na ameaça institucional dos aliancistas seguidores de Prestes.
O fechamento da ANL teve como
resultado uma articulação dos setores militares ligados ao movimento, que
promoveram uma malsucedida reação, ainda em novembro de 1935. Chamado
pejorativamente pelo Governo Varguista de Intentona Comunista, o levante
ocorreu nas cidades do Rio de Janeiro, Recife e Natal, sendo prontamente
massacrado pelas tropas do governo, que se aproveitaram do episódio para
prender jornalistas, sindicalistas, operários, artistas, políticos e todo tipo
de adversário do regime que ameaçasse as pretensões centralizadoras do Governo
Vargas, destacando-se Luiz Carlos Prestes, preso em março de 1936. O regime
começava a se fechar.
O perigo socialista da Intentona
Comunista também foi capitalizado por Getúlio Vargas, através da construção da
ideia de uma “ameaça comunista”. Foi nesse cenário que se deu início à campanha
eleitoral para o cargo de presidente. São Paulo, através do Partido
Constitucionalista, lançou o nome de Armando de Salles Oliveira, que disputaria
as eleições contra o escritor José Américo de Almeida, apoiado pelo presidente.
Uma outra opção eleitoral cava por conta dos integralistas, que lançaram sua
principal liderança, Plínio Salgado.
Apesar das candidaturas
existentes, era nítida a possível ação golpista do presidente Vargas, cada vez
mais centralizador. Faltava apenas um catalisador para o golpe, que acabou
sendo produzido pelos integralistas, baseando-se numa criação do capitão
Olímpio Mourão Filho. Em setembro de 1937, a Imprensa Nacional divulgava a
descoberta de um projeto comunista, posteriormente identificado como falso,
conhecido como Plano Cohen, que visava a instaurar um regime de esquerda no
país. Em 10 de novembro de 1937, o presidente cancelou as eleições, utilizando
como pretexto a ameaça que recaía sobre o país, e instaurou um regime
ditatorial que duraria até 1945.
Comentários
Postar um comentário