Holodomor
A palavra “holodomor” vem do
idioma ucraniano e significa “morte por fome”. Essa palavra é utilizada para
descrever a morte de milhões de ucranianos no início dos anos 1930 pela fome
calculada e programada pelo Estado soviético, que à época era comandado por
Josef Stalin. O holodomor é considerado pelos ucranianos e por outras nações
como um genocídio (isto é, a tentativa de eliminação radical de uma parcela
expressiva de determinado povo). Não é por acaso que muitos historiadores
comparam-no ao holocausto contra os judeus, arquitetado pelos nazistas.
Stalin ascendeu ao poder máximo
da União Soviética no fim da década de 1920. Uma das medidas mais imediatas que
tomou dizia respeito à produção agrícola tanto da Rússia quantos dos outros
países vinculados à URSS. A Ucrânia era um desses países. Stalin passou a
desenvolver um mecanismo de controle da produção de cereais dos camponeses
soviéticos. Para tanto, passou a exigir desses camponeses uma requisição
compulsória de grande parte do que era produzido. Dessa forma, a atividade
agrícola seria administrada pela burocracia estatal, e não pelos proprietários
das terras cultiváveis. Além disso, outra medida foi tomada: a desapropriação
das terras cultiváveis, que seriam “coletivizadas”, isto é, passariam também ao
domínio do Estado soviético.
A Ucrânia estava entre os
principais produtores de cereais da URSS. Todavia, tradicionalmente, os
ucranianos não se subordinavam aos russos e, de imediato, não obedeceram às
determinações de Stalin. Como resposta à desobediência ucraniana, Stalin
ordenou que a requisição de alimento na Ucrânia fosse “exemplar”, isto é, seria
estimada uma porcentagem de fornecimento de alimentos muito maior do que nas
outras regiões. Ao mesmo tempo em que as exigências direcionadas aos camponeses
eram feitas, a polícia soviética tratou de eliminar toda e qualquer liderança
política e intelectual que pudesse despontar na Ucrânia e organizar uma
possível revolta.
Em 1929, começaram as imposições
de metas de fornecimento de cereais ao poder central soviético. A demanda era
tão grande que os camponeses tinham que deixar de consumir a parte destinada à
sua própria sobrevivência. Praticamente tudo o que era produzido era confiscado
pelo Estado. Quem resistia à imposição e era flagrado guardando alimento em
casa era condenado a trabalhos forçados nos campos de concentração na Sibéria.
A morte começou a se tornar visível e
cotidiana na Ucrânia a partir de 1930, mas o pior veio nos três anos seguintes.
Consta que, entre os anos de 1931 e 1933, o número de mortos era tão grande que
os cadáveres acumulavam-se nas casas e eram facilmente encontrados nos campos e
nas ruas. O historiador Thomas Woods descreve a situação desse contexto:
“Em 1933, Stalin estipulou uma
nova meta de produção e coleta, a qual deveria ser executada por uma Ucrânia
que estava agora à beira da mortandade em massa por causa da fome, que havia
começado em março daquele ano. Vou poupar o leitor das descrições mais gráficas
do que aconteceu a partir daqui. Mas os cadávere sestavam por todos os lados, e
o forte odor da morte pairava pesadamente sobre o ar. Casos de insanidade, e
até mesmo de canibalismo, estão bem documentados.” (Woods, Thomas. A fome na
Ucrânia – um dos maiores crimes do Estado foi esquecido. Instituto Mises
Brasil.)
Calcula-se que o número de mortos
tenha sido de aproximadamente cinco milhões de pessoas. Mas ao se levar em
conta os efeitos prolongados da política econômica stalinista e contando com os
ucranianos que foram levados ao trabalho forçado e morreram por lá, o número
pode ser superior a 14 milhões.
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/holodomor.htm
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