HISTÓRIA
História (do grego antigo ἱστορία,
transl.: historía, que significa "pesquisa", "conhecimento
advindo da investigação") é a ciência que estuda o ser humano e sua
ação no tempo e no espaço concomitantemente à análise de processos e eventos
ocorridos no passado. O termo "História" também pode significar toda
a informação do passado arquivada em todas as línguas por todo o mundo, por
intermédio de registos históricos.
A palavra história tem sua origem nas investigações de Heródoto; em grego antigo, o termo "História" é Ἱστορίαι (Historíai). Todavia, será Tucídides o primeiro a aplicar métodos críticos, como o cruzamento de dados e uso de diversas fontes diferentes. O estudo histórico começa quando o ser humano encontra os elementos de sua existência nas realizações dos seus antepassados. Esse estudo, do ponto de vista europeu, divide-se em dois grandes períodos: Pré-história e História.
Os historiadores usam várias fontes de informação para construir a sucessão de processos históricos, como, por exemplo, escritos, gravações, entrevistas (História oral) e achados arqueológicos. Algumas abordagens são mais frequentes em certos períodos do que em outros e o estudo da História também acaba apresentando costumes e modismos (o historiador procura, no presente, respostas sobre o passado, ou seja, é influenciado pelo presente).
Os eventos anteriores aos
registos escritos pertencem à Pré-história. As sociedades sem escrita, mas
sobre as quais há registos escritos por povos que já conheciam a escrita e que
coexistiam com elas, são descritas pela Proto-história (é o caso, por exemplo,
dos povos celtas da cultura de La Tène).
Em sua evolução, a História se
apresentou pelo menos de três formas. Do simples registro à análise científica
houve um longo processo. São elas:
História Narrativa - O narrador contenta-se em apresentar os acontecimentos sem preocupações com as causas, os resultados ou a própria veracidade. Também não emprega qualquer processo metodológico;
História Pragmática - Expõe os
acontecimentos com visível preocupação didática (ver: Didática da história). O
historiador quer mudar os costumes políticos, corrigir os contemporâneos e o
caminho que utiliza é o de mostrar os erros do passado. Os gregos Heródoto e
Tucídides e o romano Cícero ("A Historia é a mestra da vida")
representam esta concepção;
História Científica - Agora há
uma preocupação com a verdade, com o método, com a análise crítica de causas e
consequências, tempo e espaço. Esta concepção se define a partir da mentalidade
oriunda das ideias filosóficas que nortearam a Revolução Francesa de 1789. Toma
corpo com a discussão dialética (de Hegel e Karl Marx) do século XIX e se
consolida com as teses de Leopold Von Ranke, criador do Rankeanismo, o qual
contesta o chamado "Positivismo Histórico" (que não é relacionado ao
positivismo político de Augusto Comte) e posteriormente com o surgimento da
Escola dos Annales, no começo do século XX;
História dos Annales (Escola dos
Annales) - Os historiadores franceses Marc Bloch e Lucien Febvre fundaram em
1929 uma revista de estudos, a "Annales d'histoire économique et
sociale",[4][5] onde rompiam decididamente com o culto aos heróis e a
atribuição da ação histórica aos chamados homens ilustres, representantes das
elites (ver: Revisionismo histórico). Para estes estudiosos, o quotidiano, a
arte, os afazeres do povo e a psicologia social são elementos fundamentais para
a compreensão das transformações empreendidas pela humanidade. Surgindo ainda o
movimento da Nova História Crítica e da Nova História.
Ainda no século XIX surgiu a
discussão em torno da natureza dos fenômenos históricos. A que espécie de
preponderância estariam ligados? Aos agentes de ordem espiritual ou aos de
ordem material? Antes disso, a fundamental teológica fez uma festa na mente
cordata do povo.
Concepção Providencialista - Segundo tal corrente, os acontecimentos estão ligados à determinação de Deus. Tudo, a partir da origem da Terra, deve ser explicado pela Divina Providência. No passado mais remoto, a religião justificava a guerra e o poder dos governantes. Na Idade Média Ocidental, a Igreja Católica era a única detentora da informação e, naturalmente, fortificou a concepção teológica da História. Santo Agostinho, no livro A Cidade de Deus, formula essa interpretação. No século XVII, Jacques Bossuet, na obra Discurso Sobre a História Universal, afirma que toda a História foi escrita pela mão de Deus, E no século XIX, o historiador italiano Césare Cantu produziu uma obra chamada Storia universale de profundo engajamento providencialista.
Concepção Idealista - Teve em
Georg Wilhelm Friedrich Hegel, autor de Fenomenologia do Espírito, seu
corporificador. Defende que os factos históricos são produto do instinto de
evolução inato do homem, disciplinado pela razão. Desse modo, os acontecimentos
são primordialmente regidos por ideias. Em qualquer ocorrência de ordem
econômica, política, intelectual ou religiosa, deve-se observar em primeiro
plano o papel desempenhado pela ideia como geradora da realidade. Para os
defensores dessa corrente, toda a evolução construtiva da humanidade tem razão
idealista.
Concepção Cíclica - De acordo com
as teorias cíclicas da história o progresso das sociedades humanas
desenvolve-se de acordo com grandes ciclos que se repetem ao longo dos tempos,
independentemente da vontade dos homens. A explicação cíclica da história teve
origem nos historiadores da Grécia Antiga. O polímata árabe ibne Caldune na sua
obra Muqaddimah, escrita em 1377, delineou sobre uma teoria cíclica da
História. No século XVIII, Giambattista Vico no no livro Ciência Nova,
publicada em 1725, foi o primeiro pensador da história a propor uma teoria
cíclica da história em que as cidades humanas passavam inevitavelmente por
certas fases distintas de desenvolvimento ao longo dos tempos. Já mais
recentemente, Oswald Spengler e Arnold J. Toynbee também sugeriram que a
história humana se desenrola em ciclos, pois encontramos sempre a evidência
deste princípio nas inúmeras civilizações cuja ascensão e queda, evoluindo
sempre mais altos que os anteriores, são a confirmação da evolução cíclica da
espécie humana.
Concepção Psicológico-social -
Apoia-se na teoria de que os acontecimentos históricos são resultantes,
especialmente, de manifestações espirituais produzidas pela vida em comunidade.
Segundo seus defensores, que geralmente se baseiam em Wilhelm Wundt Elementos
de Psicologia das Multidões, os factos históricos são sempre o reflexo do
estado psicológico reinante em determinado agrupamento social (ver: História
das mentalidades e História das ideias).
Concepção Materialista - Surgiu
em oposição à concepção idealista, embora adotando o mesmo método dialético. A
partir da publicação do Manifesto Comunista de 1848, Karl Marx e Friedrich
Engels lançam as bases do materialismo histórico, onde argumentavam que as
transformações que a História viveu e viverá foram e serão determinadas pelo
fator econômico e pelas condições de vida material dominantes na sociedade a
que estejam ligadas. A preocupação primeira do homem não são os problemas de ordem
espiritual, mas os meios essenciais de vida: alimentação, habitação, vestimenta
e instrumentos de produção.
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