A OCUPAÇÃO DO AFEGANISTÃO PELOS
ESTADOS UNIDOS
A Guerra do Afeganistão foi uma
fase da guerra civil afegã, que opôs, inicialmente (de outubro a novembro de
2001), os Estados Unidos, com a contribuição militar da organização armada
muçulmana Aliança do Norte e de outros países ocidentais da OTAN (como Reino Unido,
França, Canadá e outros), ao regime Talibã. A invasão do Afeganistão, liderada
pelos americanos, teve início em 7 de outubro de 2001, à revelia das Nações
Unidas, que não autorizaram uma ação militar no território afegão. O objetivo
declarado da invasão era encontrar Osama bin Laden e outros líderes da
Al-Qaeda, destruir toda essa organização e remover do poder o regime Talibã,
que dera apoio a Bin Laden. Neste ponto, a primeira etapa da guerra foi bem
sucedida para a OTAN. Contudo, vinte anos mais tarde, o conflito acabou
terminando com a retomada dos fundamentalistas do Talibã ao poder, em 2021.
A invasão marcou o início da
guerra contra o terrorismo, declarada pelo governo Bush, após os atentados de
11 de setembro. A Aliança do Norte — grupo armado adversário dos talibãs —
forneceu a maior parte das forças terrestres, enquanto os Estados Unidos e a
OTAN ofereceram, na fase inicial, o apoio tático, aéreo e logístico. Na segunda
fase, após a recaptura de Cabul, as tropas ocidentais aumentaram a sua presença
a nível local. Nos Estados Unidos, a guerra é também conhecida pelo nome
militar de "Operação Liberdade Duradoura". Segundo a "Doutrina
Bush", não havia distinção entre a Al-Qaeda e as nações que a abrigavam. O
ataque inicial removeu o Talibã do poder, mas logo uma insurgência liderada
pelos fundamentalistas recuperou sua força. A guerra foi menos bem-sucedida na
consecução do objetivo de restringir o movimento Al-Qaeda. Desde 2006, o
Afeganistão tem visto as ameaças à sua estabilidade no aumento de atividade
insurgente do Talibã e nos altos níveis de produção de drogas ilegais, e um
frágil governo com controle limitado fora de Cabul.
Em 1 de agosto de 2010, os Países
Baixos tornaram-se o primeiro país membro da OTAN a retirar suas tropas do
Afeganistão, com outras nações fazendo o mesmo a partir de 2014. Na época, os
analistas não acreditavam em vitória militar num país sob os governos corruptos
de Hamid Karzai e Ashraf Ghani, com uma nação dividida entre diferentes etnias,
tribos e áreas de influência de senhores da guerra. Com o passar do tempo,
inicialmente, viu-se um enfraquecimento da insurgência islâmica, que passou a
preferir atentados à bomba do que confrontos diretos com as tropas de ocupação.
Em uma vitória simbólica, em 2 de maio de 2011, forças especiais dos Estados
Unidos conduziram uma operação na cidade paquistanesa de Abbottabad que
culminou com a morte do terrorista Osama bin Laden. Em 22 de junho de 2011, o
Presidente americano Barack Obama anunciou que os Estados Unidos dariam início
a uma retirada sistemática de soldados e equipamentos do país ainda em 2011. Em
dezembro de 2014, as potências ocidentais da OTAN oficialmente encerraram suas
missões de combate no Afeganistão, assumindo uma postura de apoio ao governo
afegão para combater os rebeldes islamitas. Ainda assim, o país seguia instável
internamente, com frequentes atentados à bomba e insurgência por parte dos
talibãs.[58] Em maio de 2017, cerca de 13 000 militares estrangeiros (a maioria
americanos) ainda estavam estacionados no Afeganistão, sem um prazo formal para
se retirarem, com a violência sectária e religiosa no país ganhando força
novamente. Em 2020, após quase duas décadas de hostilidades, o governo dos
Estados Unidos negociou com o Talibã um acordo de paz que permitiria a retirada
americana do Afeganistão, começando no ano seguinte. Se aproveitando do váculo
de poder, militantes do Talibã iniciaram uma ofensiva em larga escala por todo
o Afeganistão e em agosto de 2021, eles já estavam no comando de quase todo o
país enquanto o governo central afegão, apoiado pelo Ocidente, entrou em
colapso, com a capital Cabul sendo tomada.
De acordo com um estudo da
Universidade Brown, até abril de 2021, cerca de 174 000 pessoas morreram na
guerra no Afeganistão; entre elas, cerca de 47 245 eram civis, entre 66 000 e
69 000 eram membros das forças de segurança afegãs e pelo menos 51 000 eram
insurgentes islamitas, a maioria ligados ao Talibã. No entanto, o número de
mortos pode ser possivelmente maior devido a mortes não contabilizadas por
"doenças, perda de acesso a alimentos, água, infraestrutura e/ou outras
consequências indiretas da guerra." Em 2019, com dezoito anos de duração,
a guerra em território afegão se tornou o conflito mais longo já travado pelos
Estados Unidos em sua história. Em 30 de agosto de 2021, a última aeronave
americana deixou o Afeganistão, encerrando assim formalmente a participação dos
Estados Unidos no conflito interno afegão.
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