RETROCESSOS NA EDUCAÇÃO



RETROCESSOS NA EDUCAÇÃO

                Estamos finalizando mais um ano letivo, infelizmente marcado por muitos retrocessos. E quem acha que a grande vilã desse retrocesso é a pandemia, pode estar muito enganado. Principalmente no que se refere à educação gerida pelo governo estadual do Rio Grande do Sul. Sem dúvida alguma, a pior gestão para a educação que eu pude presenciar. São 30 anos acompanhado a educação gaúcha, 21 anos destes in loco.

                Evidente que a pandemia tem sua contribuição nesse processo. A pandemia é a grande responsável pelo aumento do déficit de aprendizagem entre os alunos. A falta de aulas presenciais; aula em sistema de rodízio; contribuíram de forma significativa, principalmente para aqueles estudantes com pouco ou nenhum acesso a internet, foi de forma acentuada.

                Entretanto, as decisões governamentais, principalmente da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, através de sua secretária Raquel Teixeira,com aval do governador Eduardo Leite,  que apesar de ser PhD em Linguística, aliás, fala muito bem e bonito, não conseguiu por em prática questões realmente importantes para resolver as questões de déficit da aprendizagem. Os programas do governo até aqui são excessivos e ineficazes. Na educação não é a quantidade que é importante e sim a qualidade.

                Vejamos o primeiro exemplo, de aumentar os períodos de aulas de Português e Matemática. Primeiramente se torna muito cansativo para as crianças e adolescentes um excesso do mesmo componente, por mais criativo que seja o professor. O outro fator é que o estado não conseguiu contratar os professores para implementação desse aumento de períodos. Poucas escolas, de fato, aumentaram os períodos desses componentes. Afinal é sabido de todos, que o déficit de professores na rede estadual em todos os componentes é muito grande. Por que será? Mas esse não é o nosso foco nesse momento.

                Outro grande problema é o avanço generalizado dos alunos independente do que este tenha apresentado durante o ano letivo. Alunos se formarão no Ensino Médio sem se  quer ter escrito uma redação para o seus professores. E aí eu pergunto, quando esses alunos formandos serão recuperados? Promover o aluno a qualquer custo para enfeitar os índices não é e nunca foi solução. Não estou aqui fazendo apologia da reprovação, mas se um funcionário de uma empresa não atinge os objetivos que se espera dele, dificilmente vai continuar empregado. Mas na nossa educação parece que isso não é relevante. Tem alunos que irão para o 6º ano do EF/Séries finais, sem saber reconhecer o alfabeto. Isso é um crime que se faz com a criança. O certo, o correto é ela ficar retida nos anos iniciais, a onde se tem uma composição de professores melhor para recuperar esses estudantes. Não é colocando ele no ano seguinte na frente de 11 professores que vamos conseguir recuperar o déficit de aprendizagem desses jovens.

                Não bastassem todas essas questões, além da falta de autonomia das escolas e dos professores em decisões pedagógicas importantes. A partir do ano que vem voltaremos aos bimestres. Digo e repito, na educação, o mais importante não é a quantidade e, sim a qualidade. Não é com mais avaliações, mais provas, mais conselhos de classe, que vamos melhorar a qualidade das aulas. Mas como diria Darcy Ribeiro: “A crise na educação no Brasil, não é uma crise; é um projeto; e esse projeto é sabotá-la”.

Prof. Fabrício Colombo de Aguiar

               

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