Estados Nacionais
O termo "Estados
Nacionais" costuma ser utilizado para designar o resultado da dinâmica
política e econômica que levaria a uma nova formulação de Estado nos reinos
europeus, possibilitando o fortalecimento e subsequente centralização do poder
real.
Durante a Idade Média, a Europa
em geral seria caracterizada pela forte presença política dos senhores feudais.
Junto com a influência da Igreja, isso acabaria por assegurar a fragmentação do
poder durante o período. No século XIV, porém, este sistema afundou em uma
forte crise depois da desagregação social causada pela epidemia de peste
bubônica, que em muito agravaria a crescente paralisação do mercado agrícola.
Neste contexto, ocorreu a ascensão da burguesia. Anteriormente mais
predominante nas atividades comerciais das cidades feudais, o grupo se tornaria
cada vez mais influente ao adquirir as terras dos arruinados senhores feudais,
o que lentamente alteraria o eixo da economia para as atividades comerciais no
meio urbano. Isso desenvolveria substancialmente o comércio.
A diminuição do poder dos
senhores feudais também levaria ao fortalecimento político dos reis. Aliados
com a ascendente burguesia, os monarcas tiveram maior possibilidade de
arrecadar os impostos necessários para desenvolver e manter as instituições
necessárias para a administração e segurança pública. Os recursos para isso
eram garantidos por meio da promoção da economia mercantil. Ao mesmo tempo em
que beneficiava a burguesia, entretanto, o rei ainda cultivava o apoio da
nobreza, reforçando os laços de fidelidade entre eles ao atraí-los para a corte
e promovendo seus membros mais destacados para importantes cargos no Estado.
Desta forma, a nobreza perdia sua autonomia e se tornava subserviente ao rei.
Ao mesmo tempo, as fronteiras tornavam-se melhor definidas, gerando
paulatinamente o sentimento de uma identidade nacional pelo reino.
A maioria dos reinos europeus
passou mais cedo ou mais tarde por este processo. Um caso precoce foi Portugal,
consolidado já no século XIII, apesar de ter sua independência frequentemente
ameaçada pela vizinha Castela – que, por sua vez, apenas se uniria com Aragão e
formaria a Espanha moderna no século XV. As monarquias em França e Inglaterra
também mostrariam cedo sinais de fortalecimento do poder real, mas apenas
depois da Guerra dos Cem Anos travada entre ambos desde o século XIV – e,
especificamente no caso inglês, a Guerra das Duas Rosas, que opôs a Casa
Lancaster e a Casa York no século XV – foi que o poder real se consolidou
respectivamente com a dinastia Valois e a dinastia Tudor. Esse processo de
centralização política acabaria por resultar, mais tarde, na formação de um
sistema característico da Era Moderna: o absolutismo, que encontraria sua
expressão mais famosa em França com Luís XIV, o Rei Sol.
Entretanto, em algumas regiões o
processo que levaria ao Estado Nacional não seria completado neste período.
Embora tanto no Sacro Império Romano Germânico quanto na Península Itálica
ocorresse a crise do feudalismo e o início da centralização política, as forças
regionais foram fortes demais para que fosse possível a consolidação de um
poder central. Assim, ambas as regiões seriam politicamente fragmentadas
durante a Era Moderna. Enquanto o Império possuía vários ducados, reinos e
cidades independentes, na Península Itálica muitas terras foram dominadas por
potências estrangeiras ou eram subordinadas à Igreja. As modernas nações
conhecidas como Alemanha e Itália apenas surgiriam no século XIX.
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