COPA DO MUNDO DE 1962
Foram quatro os candidatos a ser
a sede da Copa de 1962: Espanha, Alemanha, Argentina e Chile. A Fifa deixou
logo claro que, depois de dois Mundiais seguidos na Europa, era a vez da
América do Sul. Com isso, sobraram Argentina e Chile, considerado por muitos um
país pobre. Mas com o apoio de Carlos Dittborn Pinto, filho de diplomata
chileno, 32 dos 56 países-membros votaram no Chile como sede - 11 cravaram
Argentina e 13 se abstiveram - no Congresso de 1956. Quatro anos depois, em
1960, após terremoto no país que deixou mais de dois milhões de vítimas, entre
mortos, feridos e desabrigados, a Fifa quase mudou de ideia. Dittborn, contudo,
garantiu a realização do Mundial. Pena que, um mês antes do começo, o dirigente
morreu. Recebeu a homenagem no nome do estádio em Arica.
Quarenta e nove países disputaram
as eliminatórias e outros cinco - Canadá, Egito, Indonésia, Romênia e Sudão -
desistiram. Quatro países americanos e 10 europeus se classificaram,
juntando-se ao Brasil, com vaga assegurada por ter sido o campeão mundial, e o
Chile, por ser a sede, para formar os 16 que disputariam a competição. Colômbia
e Bulgária faziam seu début em Mundiais.
O Brasil mudou muito pouco para
chegar ao bicampeonato. A principal troca foi no comando técnico: saiu Vicente
Feola, entrou Aymoré Moreira. O que ninguém imaginava é que Pelé sofresse séria
contusão na segunda partida. Mas Garrincha foi Pelé e foi Garrincha. A Copa foi
do Mané e do Brasil. E a Seleção, de novo com Didi, Nilton Santos, Djalma
Santos, Vavá, Zagallo... Com Mauro e Zózimo na defesa e um Amarildo Possesso no
lugar do Rei no ataque, voltou a encantar o planeta. A campanha foi de cinco
vitórias e um empate, contra a Tchecoslováquia, que voltou a enfrentar na final
e venceu por 3 a 1, gols de Amarildo, Zito e Vavá.
Quando a Copa terminou, eram seis
os artilheiros: Vavá e Garrincha, do Brasil, Leonel Sánchez, do Chile, Albert,
da Hungria, Valentin Ivanov, da União Soviética, e Jerkovic, da Iugoslávia,
todos com quatro gols. Mas, em 1993, 31 anos depois, uma revisão no filme do
jogo desvendou confusão do árbitro do jogo Iugoslávia x Colômbia. Na súmula, o
terceiro gol da goleada de 5 a 0 tinha sido dado a Galic, mas foi de Jerkovic.
O iugoslavo passou a ter cinco gols e ficou isolado na artilharia.
Se Maradona carregou a Argentina
nas costas em 1986, Garrincha fez isso muito antes, em 1962, com o Brasil. Sem
Pelé, contundido, foi o camisa 7, aos plenos 28 anos, que tomou conta do
Mundial. E o cardápio não foi só de dribles impossíveis de ser contidos: o Mané
fez gols, cruzamentos perfeitos, cobrou faltas magistrais, escanteios
perigosíssimos... Foi um craque completo, a ponto de arrancar a seguinte
manchete do jornal chileno "El Mercurio": "Garrincha, de que
planeta vienes?"
Campeão mundial em 1958, o Brasil
chegou favorito em 1962. Mas outra seleção despertava a curiosidade. A União
Soviética tinha sido campeã europeia em 1960 e contava com uma equipe poderosa,
a começar pelo goleiro Yashin. Na primeira fase, bateu seleções poderosas como
Iugoslávia e Uruguai. Mas, nas quartas de final, caiu para os donos da casa, os
chilenos. E o Aranha Negra, como era conhecido o arqueiro, sofreu dois gols
"anormais". Os soviéticos até fizeram pressão para empatar, mas
acabaram eliminados da Copa.
Pela última vez a Fifa permitiu
num Mundial um jogador poder defender outra seleção que não a do país onde
nasceu e pela qual já atuara. Foi o caso do argentino Di Stéfano, do húngaro
Puskas e do uruguaio Santamaria, que atuaram pela Espanha; dos brasileiros
Mazola (Altafini no título de 1958) e dos argentinos Maschio e Sivori, todos
atuando pela Itália.
Sem Pelé, e com Garrincha
absolvido da expulsão contra o Chile, o Brasil entrou favorito no Estrádio
Nacional de Santiago para a final contra a Tchecoslováquia. Foi surpreendido
com o gol do craque Masopust aos 15
minutos, mas não esperou muito para o empate: dois minutos depois, Amarildo, sem
ângulo, marcou em falha do goleiro Schrojf. No segundo tempo, o Possesso, que
substituiu Pelé, dessa vez foi garçom e serviu Zito para desempatar, aos 24. E
Vavá, em nova falha do arqueiro, fez o terceiro, aos 33. Com muita febre,
Garrincha nem se destacou tanto na final, mas nem precisou. O Brasil era, com
toda justiça, bicampeão mundial.
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/historia/copa-do-mundo-1962-chile.html
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