A REPÚBLICA OLIGÁRQUICA E A
ECONOMIA DO CAFÉ
Na pauta econômica do Brasil, o
café ainda mantinha a sua importância, construída durante o Segundo Reinado, já
que permanecia como principal produto de exportação. Dados do período revelam
que o café foi responsável por mais de 50% das exportações brasileiras durante
toda a República Velha, excluindo o período da Primeira Guerra Mundial, cenário
de natural retração do consumo externo de um produto que não era essencial nas
mesas europeias e norte-americanas.
Produção lucrativa, a atividade
cafeeira expandiu-se por todo o Sudeste brasileiro até o ano de 1929, momento
da Crise da Bolsa de Valores. Porém, esse espetacular cenário de
desenvolvimento do café não significava estabilidade para os setores envolvidos
na atividade. O que se observou foi uma expansão desenfreada da produção, que
não era acompanhada de um mercado externo capaz de consumir tamanho
crescimento.
Os sinais de superprodução já
eram evidentes no final do século XIX. Muito se discutiu a respeito das
possíveis soluções para esse problema, não sendo apresentado nenhum projeto
capaz de resolvê-lo de modo estrutural, isto é, que atacasse o problema de modo
a saná-lo junto às bases que o desencadeavam.
A tentativa de solução foi
organizada através de um encontro entre os representantes dos governos do Rio
de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais, que articularam o conhecido
Convênio de Taubaté (1906). Neste, foi acertada uma intervenção dos estados,
que realizariam empréstimos no exterior para comprarem as sacas de café
excedentes, valorizando artificialmente o produto com a criação de estoques
reguladores, ao mesmo tempo que buscariam desestimular a expansão da produção
no interior do país.
A produção, no entanto, continuou
crescendo em ritmo acelerado, demonstrando a incapacidade do Estado em gerir
tal problema. Cabe ressaltar que a atuação governamental no Convênio deve ser
criticada por sua postura elitista, o que se explicitou no uso de dinheiro
público para a resolução de problemas econômicos particulares. Assim, a
intervenção estatal caracterizou-se por uma socialização dos prejuízos e uma
privatização dos lucros.
O Convênio foi responsável pela
imediata retomada dos preços do produto no mercado externo. Porém, como o procedimento
era artificial, não solucionou as graves questões do setor cafeeiro do Brasil,
culminando na superprodução de 1929. Outro agravante da crise foi o descontrole
dos plantadores internacionais, que acabavam por preencher as lacunas deixadas
pelos estoques reguladores do governo brasileiro.
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