A LITERATURA PORTUGUESA NA ERA HUMANISTA


 A LITERATURA PORTUGUESA NA ERA HUMANISTA

O Renascimento produziu uma plêiade de poetas, historiadores, críticos, teólogos e moralistas que fizeram do século XVI uma idade de ouro. O grande número de palavras eruditas importadas do latim clássico e do grego arcaico durante o renascimento aumentou o léxico português e a complexidade da língua portuguesa. Considera-se o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende o marco do fim do português arcaico e início do português moderno (do século XVI até ao presente).

A normatização da língua portuguesa foi iniciada em 1536, quando Fernão de Oliveira publicou a primeira gramática da língua portuguesa, a Gramatica da linguagem portuguesa, em Lisboa, dedicada a D. Fernando de Almada. A obra do heterodoxo frade dominicano, diplomata, escritor e filólogo, marinheiro e tratadista naval em breve seria seguida.

Em 1540, João de Barros o distinto funcionário da coroa que fora tesoureiro da Casa da Índia, publicou a Gramatica da Língua Portuguesa e diversos diálogos morais a acompanhá-la, para ajudar ao ensino da língua materna. A Gramatica foi a segunda obra a normatizar a língua portuguesa, sendo considerada a primeira obra didática ilustrada no mundo[38] A Gramática possui parte dedicada a informar aos jovens aristocratas, a quem a obra se dirigia, também fundamentos básicos da Igreja Católica, contendo em seu bojo os sacramentos, os Dez Mandamentos e as preces principais (como o Pai-nosso e Ave-Maria).

O século XVI inicia-se com a introdução de novos géneros literários provenientes do estrangeiro, sobretudo de Itália. Entre eles temos a poesia pastoril, introduzida em Portugal por Bernardim Ribeiro; ao mesmo género pertencem as éclogas de Cristóvão Falcão. Estas composições, assim como as Cartas de Sá de Miranda, foram compostas em versos de arte maior, desprezando-se a chamada medida velha (denominada também como "metro nacional" para distingui-lo do hendecassílabo de gosto italiano), a qual acabou por ser usada, por exemplo, por Camões nas suas "obras menores", por Gonçalo Anes Bandarra nas suas profecias ou por Gil Vicente.

No campo da poesia lírica, além do já citado Sá de Miranda, que introduziu as formas da escola italiana na literatura portuguesa (o soneto, a canção, a sextina, as composições em tercetos e em oitavas e os versos de dez sílabas), cabe citar António Ferreira, Diogo Bernardes, Pero Andrade de Caminha e Frei Agostinho da Cruz, todos eles seguidores da escola italiana, ainda que nas suas obras se possa apreciar certo artificialismo nos modelos, o que acontece menos nas obras de Frei Agostinho da Cruz.

A poesia épica desenvolveu-se sobretudo graças a Luís de Camões, que foi capaz de fundir os elementos clássicos com os elementos nacionais para criar uma poesia nova, e sobretudo uma verdadeira épica culta nacional, em especial em Os Lusíadas. Os seus seguidores, entre eles Jerónimo Corte-Real, Luís Pereira Brandão, Francisco de Andrade, Gabriel Pereira de Castro, Francisco de Sá de Meneses ou Brás Garcia de Mascarenhas, nunca alcançaram o seu nível, não passando as obras destes autores de crónicas em verso.

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