Guerra anglo-espanhola
Elizabeth I, da dinastia Tudor,
subiu ao trono inglês em 1558, após seus dois meio-irmãos mais velhos, Eduardo
VI e Maria I, morrerem. Durante seu governo, que durou mais de quatro décadas,
a Inglaterra tornou-se uma grande potência econômica e marítima, vivenciando um
período de estabilidade.
Nos mares, sua principal concorrente era a Espanha, governada por Filipe II desde 1556. Filipe casou-se com Maria I, rainha inglesa antes de Elizabeth, em 1554, o que o tornou rei consorte da Inglaterra até 1558, ano em que Maria I morreu. Posteriormente, a partir de 1580, em razão União Ibérica, Filipe II tornou-se, também, rei de Portugal.
Em termos religiosos, Elizabeth I tornou o anglicanismo a religião oficial da Inglaterra – retomando os planos de seu pai, Henrique VIII, os quais não tiveram continuidade durante o reinado de sua Maria I que, buscando restaurar o catolicismo, perseguiu os protestantes.
Filipe II também seguia o
catolicismo, e, fervoroso, empenhou-se na luta contra o crescimento do
protestantismo. O monarca acreditava que havia sido enviado ao mundo por Deus
para defender a religião católica.
Em termos políticos, Elizabeth, algum tempo depois de assumir o trono, investiu em atividades navais para enriquecer a Inglaterra e para dar uma resposta a bloqueios comerciais marítimos instituídos pela Espanha que prejudicaram as Ilhas Britânicas.
Para isso, contou com os navegadores John Hawkins e Francis Drake, custeando suas atividades, que incluíam o tráfico de escravizados e saques a navios espanhóis saídos da América com tesouros. É importante destacar que essas atividades eram corsárias, semelhantes à pirataria na prática, mas financiadas pelo governo, como mencionado.
Temendo perder seu domínio no
Atlântico em tempos de colonização, a Espanha, em 1568, afundou navios ingleses
em San Juan de Ulúa, no México, acentuando as tensões entre os reinos, as
quais, alguns anos depois, desencadeariam a Guerra Anglo-Espanhola.
Mesmo após o ocorrido na América espanhola, a Inglaterra deu continuidade às tentativas de aumentar seu poder econômico e naval. Além disso, no período, a Inglaterra se aliou à França e a protestantes contra o domínio da Espanha nos Países Baixos, na Guerra dos Oitenta Anos.
Em 1585, ingleses saquearam colônias ibéricas na Índias Ocidentais. Como reação, em 1586, Filipe II proibiu o comércio entre a Península Ibérica e a Inglaterra. No ano seguinte, a católica Maria I da Escócia, acusada de tramar contra sua prima, Elizabeth I, foi executada na Inglaterra. Ainda em 1587, navios espanhóis foram queimados por corsários ingleses em um porto ao sul da Espanha.
A guerra estava declarada. Filipe
II organizou um ataque à Inglaterra, e, para isso, formou a chamada Invencível
Armada. Em meados de 1588, cerca de 130 navios, com cerca de 25 mil homens,
partiram da Espanha rumo à Inglaterra para invadi-la pelo Canal da Mancha.
A Inglaterra estava preparada
para as batalhas com cerca de 195 navios no Canal, mas menos homens. Mesmo em
um número menor de soldados em relação à Espanha, a Inglaterra, após alguns
combates (sendo o maior deles a Batalha de Gravelines), nos quais utilizou
estratégias inovadoras à época, venceu a frota espanhola, que bateu em
retirada.
A Armada espanhola, que se mostrou vencível na ocasião, chegou à Espanha – não somente pelas perdas nos combates, mas pelas dificuldades que enfrentou no retorno, como tempestades – com, aproximadamente, metade dos navios que possuía inicialmente.
Outros conflitos ocorreram entre
Espanha e Inglaterra nos anos seguintes, e em outros locais, enfraquecendo a
Armada inglesa, uma vez que a espanhola se reorganizava e se fortalecia a cada batalha.
Além disso, o envolvimento inglês em outros conflitos, como uma guerra na
Irlanda iniciada em 1597, também contribuiu para seu enfraquecimento na Guerra
Anglo-Espanhola.
A guerra estendeu-se até 1604,
quando, por meio do Tratado de Londres e com interesses políticos, econômicos e
religiosos, James I (sucessor de Elizabeth I), e Filipe III (sucessor de Filipe
II), estabeleceram a paz entre os reinos.
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