REVOLUÇÃO PRAIEIRA (PERNAMBUCO, 1848 - 1850)

REVOLUÇÃO PRAIEIRA  (PERNAMBUCO, 1848 - 1850)

 No ano de 1848, em sintonia com a Primavera dos Povos que se desenrolava na Europa, ocorreu a última revolta que resistiu ao poder centralizado vindo do Rio de Janeiro: a Revolução Praieira. Um grupo de liberais pernambucanos contestava o controle político da província pelas oligarquias regionais, em especial a família Cavalcanti de Albuquerque, que tinha representantes no Partido Liberal e no Partido Conservador. Para demonstrar a insatisfação, os liberais radicais (praieiros) fundaram o jornal Diário Novo, principal veículo de comunicação da oposição, localizado na Rua da Praia, em Recife.

Com o decorrer dos anos, os políticos ligados aos praieiros obtiveram destaque no quadro político de Pernambuco, sobressaindo os seguintes líderes: Manuel Nunes Machado, Félix Peixoto de Brito e Melo, Felipe Lopes Neto, Jerônimo Vilela de Castro Tavares e Urbano Sabino Correia de Melo. Em 1848, o Diário Novo publicou um manifesto revolucionário para a população, intitulado Manifesto ao Mundo, contendo as principais reivindicações do movimento, entre as quais merecem destaque:

• voto livre e universal;

 • plena liberdade de divulgar os pensamentos através da imprensa;

 • extinção do Poder Moderador;

 • introdução do federalismo e da República no Brasil;

• reforma no Poder Judiciário.

Durante a Revolução Praieira, a temática da escravidão foi objeto de divergência. Alguns setores do movimento se manifestavam favoráveis ao abolicionismo, posição conflitante com os grupos elitistas, que participavam das manifestações apenas por questões políticas. O que se observa é que a publicação do Manifesto ao Mundo não faz uma citação direta do tema, porém uma interpretação do documento nos faz acreditar que alguns dos participantes eram simpáticos a tal causa.

Exemplo desse conflito ca explícito na discussão historiográfica, caracterizada pela ausência de consenso e pelas divergências de interpretação sobre esse aspecto específico. Na abordagem de historiadores como Nelson Piletti e Cláudio Vicentino, destaca-se o empenho antiescravista do movimento, enquanto Gilberto Cotrim e Francisco M. P. Teixeira discordam dessa opinião. Apesar da luta armada dos praieiros pelas reformas liberais, o movimento foi massacrado pelas tropas fieis ao Governo Federal. Alguns líderes foram presos, mas anistiados no ano de 1851.

Após o conflito da Revolução Praieira, o cenário político do Império se estabilizou. Os atritos entre liberais e conservadores permaneceram minimizados, haja vista a semelhança nas propostas dos dois grupos, evidenciada na articulação política ocorrida entre os anos de 1853 e 1858 pelo marquês de Paraná.

Este conseguiu promover a união entre o Partido Liberal e o Partido Conservador dentro de um projeto administrativo conhecido como fase da conciliação, no qual os dois partidos governariam juntos. Aproveitando a situação, D. Pedro II permanecia próximo ao gabinete para exercer o controle sobre os políticos brasileiros. Assim, a condição política mostrou-se estável até o início do movimento republicano na década de 1870.

 


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