GUERRA DO PARAGUAI (1864 - 1870)
Diferentemente dos demais países
da América Latina, o Paraguai constituiu suas atividades econômicas, desde sua
Independência, dentro de um sistema autossustentável. Durante os governos de
José Francia (1811-1840) e Carlos López (1840-1862), o país acabou com o
analfabetismo, organizou fábricas, ferrovias, siderúrgicas e redes de
comunicação. Esse desenvolvimento estrutural foi complementado por uma política
de organização militar promovida por Solano López a partir de 1862.
Com o objetivo de ampliar a área
territorial do Paraguai, o governo daquele país desejava anexar alguns
territórios pertencentes ao Brasil, à Argentina e ao Uruguai. O objetivo
principal era obter uma saída para o mar, visto que o Paraguai era um país
isolado dentro da porção sul da América. Nota-se que a postura paraguaia
inseria-se em um cenário de fortes disputas fronteiriças no cone sul do continente,
em que todas as nações envolvidas no conflito almejavam ganhos territoriais.
Dessa forma, o governo paraguaio
ordenou, em novembro de 1864, o aprisionamento do navio brasileiro Marquês de
Olinda, no Rio Paraguai, retendo, entre seus passageiros e tripulantes, o
presidente da Província de Mato Grosso, Carneiro de Campos. Após essa postura
hostil, o governo brasileiro declarou guerra ao Paraguai. No início de 1865,
continuando a ofensiva, o governo paraguaio ordenou a invasão do norte da
Argentina. Para realizar a resistência, Argentina, Uruguai e Brasil formaram a
Tríplice Aliança contra Solano López.
Apesar de as primeiras vitórias
da guerra terem sido paraguaias, o país de Solano López não pôde resistir à
combinação da Tríplice Aliança. As condições populacionais do Paraguai e a
localização geográfica do país acabaram impedindo a sua vitória. Além disso, a
Tríplice Aliança contou com o apoio de empréstimos ingleses, já que a
Inglaterra desejava expandir a sua área de influência e via no conflito a
possibilidade de acúmulo de capital.
Mesmo com essas limitações, as
tropas paraguaias resistiram durante aproximadamente 5 anos. O Exército
brasileiro teve, durante a própria guerra, de se reorganizar para ser capaz de
sair vitorioso. No ano de 1866, foi permitida a presença de escravos no
Exército, sendo prometido aos voluntários o direito à liberdade. Com o auxílio
do barão de Caxias e, posteriormente, sob a liderança do conde D’Eu, genro de
D. Pedro II, o Brasil conseguiu sair vitorioso da guerra. Na última batalha,
conhecida como Campanha da Cordilheira, o Exército brasileiro conseguiu matar
Solano López.
Acredita-se que a guerra levou à
morte cerca de 75% da população paraguaia, sendo que aproximadamente 99% da
população masculina com mais de 20 anos foi massacrada. Como consequência dessa
desastrosa guerra, merece destaque a destruição do Paraguai e a perda de parte
de seu território, o endividamento do Brasil com a Inglaterra e o
fortalecimento do Exército brasileiro, que, a partir da Guerra do Paraguai,
exerceu um grande papel político no Brasil, inclusive no Período Republicano.
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