A GUERRA GUARANÍTICA: O CONFLITO

A GUERRA GUARANÍTICA: O CONFLITO

No início de 1754, o marquês de Valdelirios chegou a Buenos Aires da Espanha carregando um certificado real pelo qual o rei ordenou ao governador de Buenos Aires, José de Andonaegui, que imediatamente levassem à força as sete cidades e as entregassem aos portugueses. Na execução do primeiro plano de guerra, os exércitos ibéricos atuariam separadamente. Os lusobrasileiros atacariam Santo Ângelo, pelo norte; os castelhanos, São Francisco de Borja, pelo sul. Realizariam movimentos de convergência, empurrando os indígenas para a margem ocidental do rio Uruguai.

Em uma reunião realizada na ilha Martin Garcia entre Valdelirios, Gomes Freire e Andonaegui, foi decidido que além do corpo veterano, as milícias de Montevidéu, Santa Fé e Corrientes seriam convocadas. Em maio de 1754, Andonaegui concentrou 1 500 soldados em Rincón de las Gallinas (hoje Rincon de Haedo na confluência do rio Negro com o Uruguai) e avançou para a fazenda Yapeyú, onde chegou em junho. No entanto, o mau tempo impediu a campanha e de modo que seus soldados foram derrotados pelos guarans sob o comando de Rafael Paracatú, cacique de Yapeyú. Com isso Andonaegui desistiu de continuar a campanha e retirou-se do rio Ibicuy para o Salto Chico do rio Uruguai em 10 de agosto, embora tenha conseguido capturar Paracatu e levá-lo para Buenos Aires.

As forças portuguesas sofreram os mesmos problemas climáticos e sendo atacados pelos guaranis sob o comando do capitão José Sepé Tiarayú. O ataque aconteceu no forte Jesus, María, José de Río Pardo, onde Tiarayú foi derrotado e capturado entre março e abril de 1754, embora ele tenha conseguido escapar. Os portugueses também tiveram que abandonar a campanha após um armistício realizado em novembro de 1754 no rio Yacuí, onde os guaranis obtiveram a ajuda das tribos Charruas, Guenoas e Minuanes. Esse mesmo forte receberia Gomes Freire no dia 14 de agosto e partindo no dia 25 do mesmo mês, no entanto, enquanto se afastava da fortaleza, percebeu que um incêndio começara e precisou retornar para socorrer a guarnição. O forte fora parcialmente destrído pelo fogo e Gomes Freire partiu com suas tropas no dia 26.

As forças espanholas, comandadas pelo governador de Buenos Aires, José de Andonaegui e o governador de Montevidéu, José Joaquín de Viana, e os portugueses, liderados pelo governador de São Paulo e Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, decidiram lutar juntos contra os indígenas em dezembro de 1755, com o objetivo de capturar o chefe superior da resistência guarani, cacique Sepé Tiaraju ou Sepee, cujo nome de batismo era José Sepé Tiarayú. Em fevereiro de 1756, forças de Andonaegui, reforçadas por 150 soldados da Espanha, juntamente com 1 670 homens do governador de Montevidéu, 1 200 soldados portugueses sob o comando de Gomes Freire, se encontraram em Santa Tecla para avançar em São Miguel. Entretanto os guaranis evitaram lutar e limitaram-se a uma guerra de guerrilha. Sepé Tiaraju acabou sendo morto pelo governador Viana na Serra de Batoví, em uma das reuniões dos guerrilheiros guaranís com as tropas aliada. Com isso Nicolás Ñanguirú (uma palavra que em guarani significa "flecha do diabo"), antigo corregedor da cidade de Concepción, assumiu o comando dos guerrilheiros guaranis.

Em 10 de fevereiro de 1756, na colina de Caibaté, o exército aliado, com cerca de 2 500 homens, cercou Ñanguirú e seus homens e os exterminou. No campo de batalha, 1 511 guarani foram mortos, entre eles o líder Ñanguirú e 154 prisioneiros, algumas centenas conseguiram fugir. O exército aliado sofreu apenas 4 mortos (3 espanhóis e um português) e 30 feridos (10 espanhóis, entre eles Andonaegui e 20 portugueses, incluindo o capitão Luis Osorio). No dia seguinte, eles entraram em São Miguel e exigiram a rendição das outras cidades, que aceita, exceto em São Lorenço.

Após este conflito, as missões jesuítas acabaram e a resistência guarani foi praticamente cessada. Entretanto alguns pequenos grupos guaranis que resistiram a rendição a praticar as táticas da terra queimada, queimando as cidades de São Miguel e São Luiz Gonzaga. Santo Ângelo foi convertido em um quartel para as tropas espanholas e São João Batista para as tropas portuguesas. Finalmente, em maio de 1756, a última luta ocorreu em São Miguel acabando em definitivo a Guerra Guaranítica.

Em 8 de junho, Andonaegui encerrou a guerra e supervisionou a evacuação dos índios para o oeste do rio Uruguai, o exército aliado permaneceu por dez meses nas Missões, os portugueses recuando para o Rio Pardo sem poder concordar com o limite na nascentes do rio Ibicuy e sem entregar a Colonia de Sacramento à Espanha em 12 de dezembro de 1757.

 

 

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