A ECONOMIA DURANTE O SEGUNDO
REINADO
A economia dos primeiros anos do
Império apresentou sinais de retração, principalmente durante a instabilidade
política e social do Primeiro Reinado e das regências. Além disso, também houve
o endividamento originado do pagamento de indenização a Portugal para o
reconhecimento da independência do Brasil, o alto custo da montagem de um
aparato burocrático-administrativo para o Estado nascente e a ausência de uma
economia autossustentável.
A mudança do quadro econômico
veio durante o Segundo Reinado através da entrada brasileira no mercado de
exportação de um produto primário: o café. Introduzido no Brasil em 1727, o
café era utilizado apenas na agricultura de subsistência, não tendo função
comercial. Somente no século XIX o produto adquiriu um amplo mercado para
exportação, principalmente na Europa.
Como a economia das colônias
francesas, que já comercializavam café, estava em crise, o Brasil intensificou
o plantio da cultura no Sudeste. A partir de 1825, a área plantada alastrou-se
pela região do Vale do Paraíba, seguindo o padrão do açúcar, ou seja,
utilizando mão de obra escrava em grandes latifúndios. A região do Vale do
Paraíba foi a grande responsável pelo avanço da economia cafeeira até os anos
de 1870, quando o Oeste Paulista conseguiu ultrapassar a produção do Vale.
Deve-se ressaltar que, tanto na
produção realizada no Vale do Paraíba quanto na do Oeste paulista, não houve a
ruptura brasileira com o modelo tradicional de divisão internacional do
trabalho, permanecendo a nação dependente de gêneros primários. Essa rápida
queda da produção do Vale do Paraíba se explica pelo desgaste do solo e pela
ausência de uma racionalidade na produção, que se baseava nos conceitos
arcaicos do Período Colonial, sendo a elite da região incapaz de empreender a
modernização da produção.
Exemplo disso foi a insistência
dos fazendeiros do Vale do Paraíba em utilizar o regime de trabalho
escravocrata, não investindo na mão de obra livre, que poderia fornecer maior
lucro. Havia outras vantagens no Oeste Paulista que colaboraram para o
desenvolvimento da lavoura cafeeira durante a segunda metade do século XIX,
como a terra roxa – solo propício ao plantio – e o clima muito favorável para a
produção. Destaca-se também a utilização da mão de obra livre, principalmente
dos imigrantes, fundamental no desenvolvimento de São Paulo, que lentamente
assumiria a hegemonia econômica do Brasil.
A expansão do café na região
Sudeste também estimulou a formação da malha ferroviária brasileira,
fundamental para o escoamento da produção nos portos do Rio de Janeiro e São
Paulo. O país apresentou um salto de 14,5 km de estradas de ferro em 1854 para
13 980 km em 1899, sendo que 8 713 km estavam na região cafeeira.
Socialmente, a riqueza oriunda do
café foi responsável pela projeção política dos fazendeiros do Sudeste,
chamados de barões do café, que foram fundamentais para as mudanças nos rumos
políticos do país na transição do Império para a República.
Não se pode esquecer, porém, de
que, no século XIX, o Brasil teve outros tipos de produção agrícola que foram
importantes para o desenvolvimento da economia nacional. Merece destaque a
produção do açúcar, do algodão e do cacau. Durante praticamente todo o Segundo
Reinado, o açúcar manteve a condição de segundo principal produto de
exportação, perdendo apenas para o café. Isso mostra que, apesar da
concorrência das Antilhas e do açúcar de beterraba da Europa, a produção
açucareira brasileira ainda detinha uma considerável importância econômica.
Um dos períodos em que o açúcar
perdeu a posição de segundo lugar na exportação brasileira foi durante os anos
de 1861 a 1870, quando o Brasil apresentou um aumento na venda de algodão para
a Europa. Essa exportação esteve associada à queda da produção norte-americana
em virtude da Guerra de Secessão, permitindo um rápido e curto processo de
desenvolvimento da região do Maranhão, principal área de plantio de algodão no
país.
Já no final do século XIX, foi a
vez da borracha assumir um papel importante nas exportações nacionais. Nesse
período, as economias inglesa e norteamericana necessitavam desse produto para
a fabricação de componentes da indústria automobilística. Como na Amazônia
existia uma considerável quantidade de seringais nativos, essa região transformou-se
em uma das maiores exportadoras de látex.
Porém, a borracha brasileira
mostrou-se cara para os países industrializados, já que o extrativismo era
realizado no meio de floresta e o trabalho manual era lento e dispendioso. A
solução encontrada pela Inglaterra e pelos EUA foi o plantio de seringais na
Ásia, o que levou a uma repentina queda das exportações brasileiras, promovendo
a decadência econômica da região.
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