REGÊNCIA UNA DE ARAÚJO LIMA (1837
- 1840)
Araújo Lima, membro do grupo
regressista, assumiu interinamente em 1837, mas sua confirmação só aconteceu em
nova eleição em 1838. Era o início do chamado “regresso conservador”, período
em que a elite buscou frear as transformações do Brasil visando à manutenção de
uma ordem aristocrática. Formando um novo gabinete, composto majoritariamente
de regressistas, Araújo Lima criava o “Ministério das Capacidades”, que contou
com um antigo representante dos moderados, Bernardo Pereira de Vasconcelos,
conhecido por sua liderança liberal.
Muitos se perguntavam: o que
fazia um liberal entre os regressistas? A questão é facilmente compreendida
pelo contexto da época. Como assinalado anteriormente, havia um temor da elite
quanto a uma possível radicalização das reformas, levando a maior parte do
corpo político nacional a apoiar um projeto regressista. Nas próprias palavras
de Bernardo Pereira de Vasconcelos encontraremos esse novo caminho dos
liberais:
Assim, como liberal, Vasconcelos
combateu o centralismo de D. Pedro I, mas passou a temer que sua luta por
descentralização estivesse levando o Brasil a uma restruturação sociopolítica,
desinteressante para a elite. Por isso, Bernardo Pereira afirma: “[...] eu quis
parar o carro revolucionário”, mostrando a indisposição dos liberais em apostar
em um caminho que ameaçasse os tradicionais mecanismos de exercício do poder
pelo corpo aristocrático do país.
Durante o governo regressista de
Araújo Lima, houve uma tentativa de abafar as revoltas regenciais que explodiam
no Brasil. Nessa ocasião, os regressistas, que já dominavam o Parlamento,
culparam o Ato Adicional de 1834 por tantas revoltas. Afinal, esse ato visava a
dar maior liberdade às províncias, permitindo que estas exibilizassem seus
laços com o governo sediado no Rio de Janeiro, criando certa autonomia que
culminou no desejo emancipatório, exemplificado na Farroupilha e na Cabanagem.
Isso explica por que os
regressistas classificavam o Ato Adicional de 1834 como “Ato da Anarquia”. Para
solucionar tal questão, foi aprovada a Lei Interpretativa do Ato Adicional em
maio de 1840, responsável pelo fortalecimento do poder central em detrimento
das províncias. Essa lei reduziu as conquistas obtidas pela legislação de 1834,
garantindo ao governo central um controle maior das estruturas judiciária,
policial e administrativa e das prerrogativas de nomeação de funcionários
obtidas pelas províncias, minimizando o poder das Assembleias Provinciais e seu
espaço de ação.
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