NATURALISMO

NATURALISMO

O naturalismo foi um movimento artístico e cultural que se manifestou na literatura, no teatro e nas artes plásticas, e teve como principais características a objetividade, a impessoalidade e o retrato fiel da realidade.

Ele surgiu na França, em meados do século XIX, e se espalhou rapidamente para outros países da Europa e do mundo.

Oposto ao Romantismo, que apresentava uma face sonhadora, com idealizações, subjetivismos e fuga da realidade, o naturalismo prezou pelo objetivismo científico.

Influenciado pelas correntes científicas e filosóficas que surgiam na Europa como o determinismo, o darwinismo e o cientificismo, para os artistas naturalistas, tudo estava determinado e possuía uma explicação lógica pautada na ciência.

Através de uma visão imparcial dos fatos, nada era sugerido ou apresentado de maneira subjetiva. O ser humano passou a ser visto como uma máquina, sem livre arbítrio, e influenciado pelo meio social e físico em que está inserido.

Assim, surge uma arte de denúncia social, focada nos temas da pobreza, das desigualdades, da disputa de poder e das patologias sociais.

No Brasil, o movimento naturalista começa em 1881 com a publicação da obra O Mulato, de Aluísio de Azevedo. Já em Portugal, o movimento surge em 1875 com o romance O crime do padre Amaro, do escritor Eça de Queiroz.

A literatura naturalista surge em 1867, na França, com a publicação da obra Thérèse Raquin, de Émile Zola (1840-1902). Esse é considerado o primeiro romance naturalista e que posteriormente inspirou muitos escritores.

Embora Thérèse Raquin tenha inaugurado a literatura naturalista, a obra de Émile Zola, Germinal (1881), foi considerada uma das mais importantes do naturalismo francês. Nela, o escritor apresenta as condições subumanas de trabalho em uma mina de carvão.

Vale ressaltar que o romance naturalista também é conhecido pelo nome “romance de tese”, pois defende um ponto de vista. Apoiado em diversas correntes teóricas como o determinismo, o positivismo e o evolucionismo, ele busca na ciência explicações para os fenômenos.

 

O naturalismo no Brasil

O naturalismo brasileiro surge no final do século XIX em meio a agitação política e social promovida pela crise do Segundo Reinado, que culminaria na Proclamação da República, em 1889.

Na literatura, o marco inicial do naturalismo brasileiro é a publicação da obra, em 1881, O Mulato, do escritor Aluísio Azevedo. Considerado o primeiro romance de tese do Brasil, a obra aborda o tema do preconceito racial, muito vigente na sociedade da época.

Além do precursor do movimento naturalista, Aluísio de Azevedo, outros autores que contribuíram com seus escritos foram: Raul Pompeia, Adolfo Caminha e Inglês de Sousa.

Aluísio de Azevedo (1857-1913), nascido em São Luís do Maranhão, foi um dos principais escritores do movimento naturalista.

Embora O Mulato seja o romance que inaugura o movimento naturalista no Brasil, sem dúvida, O Cortiço, publicado em 1890, é sua obra de maior importância.

Nela, o escritor retrata a vida de diversos personagens que vivem em um cortiço no Rio de Janeiro, revelando aspectos da sociedade carioca em finais do século XIX.

Suas obras de maior destaque são: O Mulato (1881), Casa de Pensão (1884) e O Cortiço (1890).

Raul Pompeia (1863-1895), nascido em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, colaborou com a produção literária naturalista e realista no Brasil.

De estética naturalista destaca-se seu romance O Ateneu (1888) que apresenta forte crítica social e moral. A obra é repleta de descrições do ambiente em que a trama se passa (colégio interno), além de apresentar um retrato psicológico das personagens e de suas características animalescas.

Além de O Ateneu, outras obras do escritor são: Uma Tragédia no Amazonas (1880) e As Joias da Coroa (1883).

Adolfo Caminha (1867-1897), nascido em Aracati, no Ceará, foi um grande expoente do naturalismo no Brasil. Suas obras fazem duras criticas à sociedade e evocam diversos temas relacionados com tragédias e violências.

Na estética naturalista, seu romance de maior relevância é A Normalista, publicado em 1893. Nele, o autor aborda o tema do incesto entre a personagem normalista, Maria do Carmo, e seu padrinho.

Outro romance de Adolfo Caminha que merece destaque é Bom crioulo (1895). Nesta obra, o autor traz à tona o assunto da homossexualidade, um tabu na época em que foi publicada e, por isso, foi duramente criticada.

Inglês de Souza (1853-1918), nascido na cidade de Óbidos, no Pará, participou da fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL), embora tenha se destacado na política.

Alguns críticos o consideram introdutor do naturalismo no Brasil, com a publicação da obra O Coronel Sangrado (1877). No entanto, esse romance não teve muito reconhecimento no momento em que foi publicado.

A obra que o consagrou foi O Missionário, publicada em 1891, que aborda os aspectos morais de um religioso que começa a se interessar por uma mestiça, Clarinha.

 

 

 

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