CABANAGEM (PARÁ, 1835 - 1840)
O termo cabanagem é proveniente
das habitações onde morava a maioria da população que participou da revolta:
casas de pala tas, toscas e simples, cujos moradores recebiam o nome de
cabanos. Faziam parte do grupo combatentes negros, mulatos, índios e brancos
pobres. A revolta originou-se da insatisfação da população frente ao
autoritarismo do governador da província do Pará, Lobo de Souza.
Liderados pelos irmãos Vinagre,
por Félix Clemente Malcher e por Eduardo Angelim, os revoltosos conseguiram
tomar o governo central do Pará, com a ajuda da população mais simples. Porém,
o movimento apresentava divergências internas e havia a ausência de um plano
para a região após a tomada do poder. Os cabanos eram excelentes no combate,
mas se mostraram ineficientes na administração do Pará.
Isso explica a constante troca de
administradores da província durante um ano e quatro meses em que permaneceram
no poder. O primeiro a assumir o controle do governo foi Félix Clemente, que,
em poucos meses, foi executado pelos próprios rebeldes. Em seguida, assumiu
Francisco Vinagre, morto em combate, sendo substituído por Eduardo Angelim,
preso pelas forças do governo.
Apesar de ser uma revolta
contrária às situações políticas ligadas ao autoritarismo da província e do
governo central, os dois primeiros líderes da rebelião se mantiveram fieis ao
Império. Somente o último líder, Eduardo Angelim, ligado aos interesses dos
cabanos, conseguiu romper com essa postura, formando uma República no Pará
durante os poucos meses em que esteve à frente da administração.
A reação do governo central
conseguiu acabar com o movimento na capital, Belém, em maio de 1836, utilizando
uma esquadra liderada pelo brigadeiro José de Souza Soares. Porém, foram
necessários aproximadamente 4 anos para conseguir destruir a resistência ao
governo central que persistia no interior do Pará. A Cabanagem foi um movimento
profundamente violento; durante a rebelião, morreram mais de 40 000 pessoas.
Cabe destacar que essa revolta marcou o primeiro movimento brasileiro em que a
população de menor renda conseguiu êxito por certo tempo ao ascender ao poder
político de uma província.
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