Festival de Woodstock
O Festival de Woodstock foi um
evento musical realizado em Bethel, pequena cidade do estado de New York, nos
Estados Unidos. Esse festival de rock foi idealizado por quatro jovens que
queriam investir seu dinheiro em um grande evento. O festival tornou-se um
símbolo da contracultura e atraiu cerca de 500 mil pessoas.
O Festival de Woodstock contou
com a participação de dezenas de bandas de rock e apresentou nomes de sucesso,
como Janis Joplin e Jimi Hendrix. Ao longo de três dias, o rock embalou jovens
influenciados pelo movimento hippie, que defendia o amor, a liberdade e a paz.
Outras versões do evento foram realizadas na década de 1990, mas não tiveram o
mesmo sucesso.
O Festival de Woodstock aconteceu
em agosto de 1969, sendo um dos maiores eventos de música da história e,
provavelmente, o mais famoso. Esse evento aconteceu em um contexto de muita
agitação política e social nos Estados Unidos, e esse contexto estimulava o
cenário de efervescência cultural.
A contracultura veio para
questionar o american way of life, expressão usada para referir-se ao estilo de
vida norte-americano baseado no consumismo. Esse modo de vida consolidou-se na
década de 1950, período marcado na memória coletiva como de prosperidade
econômica e de existência de um modelo familiar estável, segundo colocação de
Sean Purdy.
Esse período de prosperidade
econômica desenvolveu uma forte crença na ideia do emprego estável, além de ter
fortalecido na cultura norte-americana a ideia de família nuclear baseada no
homem trabalhador e na mulher dona de casa que cuida dos filhos. A euforia
causada pela prosperidade econômica também foi acompanhada por um forte
incentivo ao consumo, sobretudo de carros e eletrodomésticos.
Foi nesse contexto que surgiram
os movimentos de contracultura, além de uma nova cultura política de esquerda.
Sean Purdy afirmou que essa nova esquerda que surgiu a partir da década de 1960
atuava, principalmente, entre estudantes que se posicionavam contra o racismo e
contra o imperialismo norte-americano.
Uma das causas que mais
mobilizavam a população jovem dos Estados Unidos era a Guerra do Vietnã,
conflito que contou com a presença de tropas norte-americanas a partir de 1965.
Essa guerra foi a primeira a ser televisionada para os Estados Unidos e fez com
que a população do país tivesse contato com as cenas de violência que
aconteceram nela.
As demonstrações de oposição e
insatisfação com a Guerra do Vietnã foram inúmeras e tiveram manifestações
públicas que contaram com ações de desobediência civil, além de terem havido
deserção em massa e campanhas realizadas em todo o território norte-americano
contra o conflito. As demonstrações de insatisfação receberam inclusive o apoio
de muitos artistas dos EUA.
Além dos protestos contra a
guerra, a década de 1960 ficou conhecida pelo movimento dos direitos civis, que
lutava pelos direitos da população afro-americana e contra o racismo. Nomes
importantes da sociedade norte-americana, como Malcolm X, Muhammad Ali e Martin
Luther King Jr., ficaram famosos pela sua luta contra a discriminação racial.
Na década de 1960 registraram-se
ainda a existência de movimentos de trabalhadores e de movimentos em defesa de
lésbicas e gays bem como o fortalecimento do movimento feminista. Todos os
valores tradicionais norte-americanos, representados pelo modelo de família da
classe média, começaram a ser politicamente questionados, e isso, é claro,
repercutiu também na cultura.
Entre os movimentos de
contracultura, o que mais se destacou e teve forte influência sobre Woodstock
foi o movimento hippie. Os hippies acreditavam na liberdade sexual e
manifestavam-na publicamente, usavam roupas largas, cabelos longos e faziam uso
contínuo de drogas, como o LSD, a maconha e a heroína. Eles acreditavam que as
drogas poderiam expandir a mente de quem fazia uso delas. Os hippies também
eram fortes defensores do amor e da paz.
Foi nesse cenário de rebeldia e
questionamento da sociedade que aconteceu o festival de música de Woodstock,
oficialmente conhecido como Woodstock Music and Art Fair. Ele foi idealizado
por Artie Kornfield, Joel Rosenman, Michael Lang e John Roberts, quatro jovens,
na faixa dos 20 anos, que desejavam investir dinheiro em um grande evento.
Os quatro juntaram-se e fundaram
uma empresa chamada Woodstock Ventures Inc., por meio da qual o festival
aconteceu. A ideia inicial era investir dinheiro para que o festival desse um
grande retorno financeiro, que seria utilizado no desenvolvimento de um estúdio
musical em Woodstock, cidade do estado de New York.
O festival foi marcado para
agosto de 1969, e então os produtores partiram à procura do local no qual ele
ocorreria, iniciando-se também as negociações com diferentes bandas da época. A
primeira banda a fechar acordo para apresentar-se no Woodstock foi Creedence
Clearwater Revival.
O festival era voltado para o
público jovem e adepto dos movimentos de contracultura, e os organizadores
esperavam 50 mil pessoas. O local escolhido foi Wallkill, mas, como a população
dessa cidade recusou-se a receber o festival, ele foi instalado no terreno da
fazenda de Max Yasgur, localizada em Bethel.
O evento aconteceu em 15, 16 e 17
de agosto de 1969 e reuniu bandas e cantores, como The Who, Creendence, Janis
Joplin, Jimi Hendrix, Santana, Joan Baez. Os produtores, percebendo o sucesso
do festival, aumentaram a capacidade para 200 mil pessoas, cobrando um valor de
18 dólares por pessoa.
Entretanto, o Woodstock atraiu de
400 mil a 500 mil jovens, o que fez com que os organizadores tornassem-no gratuito
porque não havia equipe suficiente para cobrar e controlar a entrada de tantas
pessoas. Milhares de jovens de todas as partes dos Estados Unidos reuniram-se
no local, acamparam em barracas e, por três dias, aproveitaram os shows.
Os relatos do festival contam que
a multidão de, pelo menos, 400 mil pessoas era pacífica, registrando-se apenas
três mortes: uma por atropelamento, uma por apendicite e outra por overdose. A
grande quantidade de pessoas no festival acabou gerando alguns problemas de logística.
A comida e água em Bethel não eram suficientes para tantas pessoas e, para
isso, foi necessária a ajuda de outras cidades.
Além disso, no início do
festival, o engarrafamento causado por tantas pessoas chegando de carro foi
enorme. A chuva que caiu nos três dias transformou o terreno em um lamaçal, e
as filas para usar banheiros e telefones eram muito longas. Todos esses
problemas não atrapalharam o clima de paz e liberdade do evento, e a postura do
público fez jus ao slogan do festival: “três dias de paz e música”.
Por ser o grande símbolo da
contracultura, o Festival de Woodstock também teve espaço para o protesto e a
contestação dos valores dominantes. Um dos grandes exemplos disso foi a
performance de Jimi Hendrix, um dos maiores guitarristas da história. Em
Woodstock ele tocou o hino nacional norte-americano com o uso de distorções de
guitarra e sons de metralhadoras e bombas.
Woodstock foi um verdadeiro
sucesso, tornando-se o grande símbolo dessa geração, e muitos entendem-no como
o fim do auge dos movimentos sociais e de contracultura nos Estados Unidos, uma
vez que, a partir da década de 1970, uma onda de conservadorismo teve grande
influência na sociedade norte-americana. Ainda assim, os ideais dos jovens que
estiveram em Woodstock ficaram gravados na história.
Na década de 1990, foram
organizados dois outros festivais do mesmo tipo, ambos no nordeste dos Estados
Unidos. Eles aconteceram em 1994 e 1999 e ficaram conhecidos pela
desorganização. No festival de 1999, por exemplo, houve violência e casos de
assédio e agressão sexual. Em 2019 cogitou-se a realização de um Woodstock em
comemoração aos 50 anos do primeiro festival, mas problemas burocráticos
fizeram com que essa ideia não avançasse.
https://mundoeducacao.uol.com.br/historia-america/festival-de-woodstock.htm
Comentários
Postar um comentário