Declaração de Direitos de 1689
A Inglaterra do século XVII foi
marcada por um processo revolucionário que transformou sua história e tentou
limitar o poder dos reis absolutistas à época. Conhecido como Revolução
Inglesa, esse processo engloba dois movimentos principais: a Revolução Puritana
e a Revolução Gloriosa, ambas de caráter liberal.
Ainda início do século XVII, em
1603, com a morte da rainha Elizabeth I (da dinastia Tudor), Jaime I, seu primo
e rei da Escócia, assumiu o trono inglês, iniciando a fase da dinastia Stuart
no poder.
O governo absolutista de Jaime I,
respaldado na teoria do direito divino dos reis, perseguiu puritanos, impondo o
anglicanismo à população; dissolveu o Parlamento (onde havia representantes da
burguesia, do alto clero e da alta nobreza); e adotou medidas economicamente
prejudiciais à burguesia, que vivia um momento de prosperidade.
Após a morte do primeiro rei
inglês da dinastia Stuart, seu filho, Carlos I, assumiu o trono, em 1625,
aprofundando o caráter absolutista já presente na política inglesa. O monarca
criou novos impostos e restaurou antigos tributos, como o Ship Money,
aumentando ainda mais o descontentamento de alguns setores sociais, como a
burguesia mercantil.
A perseguição aos opositores do
rei foi intensa, e os embates entre o Parlamento – convocado por Carlos I,
novamente, em 1640 – levaram a uma guerra civil que durou até 1649, quando o
rei foi deposto e decapitado, ao final da Revolução Puritana. Instaurou-se, na
Inglaterra, a República de Cromwell. No poder, o líder puritano Oliver Cromwell
impôs uma ditadura que sufocou grupos opositores diversos e lhe concedeu
poderes ilimitados.
Seu filho, Richard, assumiu o
poder após sua morte, em 1658. Enfraquecido e sem apoio, o herdeiro de Cromwell
foi deposto e, em 1660, a monarquia inglesa foi restaurada sob o comando de
Carlos II, sucedido por seu irmão, Jaime II, em 1685. No cenário de
restabelecimento do absolutismo, o Parlamento e a monarquia voltaram a se
enfrentar, até que Jaime II foi desposto em 1688, por tropas parlamentares.
Nesse processo, chamado de
Revolução Gloriosa, no qual não houve derramamento de sangue, o Parlamento
escolheu o príncipe holandês Guilherme de Orange para ocupar o trono, como
Guilherme II. Sua esposa, a inglesa Mary Stuart, era filha de Jaime II.
Ao assumir o trono, Guilherme II
assinou a Declaração de Direitos de 1689, a Bill of Rights, elaborada pelo
Parlamento, considerado um dos mais importantes documentos constitucionais
ingleses.
Um dos principais objetivos da
declaração é limitar o poder do monarca na Inglaterra e dar mais poder ao
Parlamento, representando sua soberania sobre o rei. A monarquia parlamentar
foi instituída e o absolutismo inglês chegava ao fim.
Além disso, a declaração garantiu
a liberdade individual, incluindo a liberdade de imprensa e o direito à
propriedade privada, e definiu os deveres dos cidadãos ingleses, que deixavam
de ser súditos. É importante destacar que, embora o documento tenha limitado os
poderes do rei de acordo com a vontade popular, o povo, neste caso, foi
representado pelo Parlamento.
A Revolução Inglesa, encerrada
com o fim da Revolução Gloriosa, e a Declaração de Direitos de 1689
fortaleceram a burguesia e o liberalismo na Inglaterra, contribuindo para o
desenvolvimento do capitalismo e formando um cenário propício ao pioneirismo
inglês na Revolução Industrial do século XVIII.
https://www.infoescola.com/historia/declaracao-de-direitos-de-1689/
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