COPA DO MUNDO DE 1938

COPA DO MUNDO DE 1938

Sob a sombra da Segunda Guerra Mundial, três países se candidataram para ser a sede da Copa. A Alemanha, que organizava os Jogos Olímpicos de 1936, tinha interesse por mais um evento para propaganda do nazismo de Hitler. A Argentina esperava sua vez por um rodízio de continentes. Os dois eram os favoritos. Mas, em agosto de 1936, durante as Olimpíadas de Berlim, o Congresso da Fifa se reuniu e decidiu, como homenagem a Jules Rimet, já com 64 anos, e a Henri Delaunay, outro dirigente da entidade, fazer a Copa na França, a terceira candidata.

Preterida em ser a sede do Mundial, a Argentina liderou boicote dos países americanos. O Brasil não participou e acabou ganhando a vaga automaticamente, sem precisar disputar os jogos eliminatórios, que seriam contra os hermanos e os bolivianos. Além disso, a Inglaterra, ainda em guerra com a Fifa, insistia em considerar a Copa um torneio sem expressão. Com isso, dos 53 países filiados, apenas 25 disputaram as eliminatórias. A Espanha, em meio a uma Gerra Civil, acabou saindo. Egito e Japão também desistiram em tentar 14 das 16 vagas - as outras eram para o país-sede, a França, e o campeão do mundo, a Itália.  O torneio voltou a ser mata-mata. Como a Áustria foi anexada à Alemanha antes da estreia, os austríacos acabaram não indo, mas a tabela não foi modificada. A Suécia venceu por W.O. e passou direto para as quartas de final.

Apesar de contar com a antipatia dos franceses, os italianos, campeões mundiais em 1934 e olímpicos em 1936, realizaram o sonho de Mussolini de manter a hegemonia no futebol e foram os primeiros a conquistar o bicampeonato. O elenco foi reformulado em relação ao de quatro anos antes e ficou melhor: ainda contava com o craque e agora capitão Meazza e tinha o artilheiro Piola. Na estreia, vitória dramática sobre a Noruega na prorrogação por 2 a 1. Depois, a Squadra Azzurra bateu a França (2 a 1) nas quartas, o Brasil nas semifinais, em jogo polêmico (2 a 1), e a Hungria na grande decisão (4 a 2), com dois gols de Piola e dois de Colaussi.

Os números são polêmicos (oficialmente, foram 7 gols, no entanto, há quem conte 8). Mas o goleador da competição foi o brasileiro Leônidas da Silva, o Diamante Negro, craque e maior executor da bicicleta, chamado na Copa também de "Homem-Borracha", tamanha eram a técnica e elasticidade. Sua ausência, contundido, na semifinal contra a Itália, foi determinante para a derrota brasileira.

Só o fato de ter irritado o brasileiro Domingos da Guia, um dos maiores zagueiros de todos os tempos, a ponto de fazê-lo cometer um pênalti, já faria de Silvio Piola um dos destaques da competição. Mas o atacante tinha mais virtudes. Rápido, oportunista, foi um dos destaques da competição, marcando cinco gols - o da prorrogação, contra a Noruega, e dois na decisão contra a Hungria. Na Azzurra, fez 30 gols em 34 partidas disputadas.

Finalmente, o Brasil compareceu com sua força máxima no Mundial. E a campanha, por pouco, não rendeu título. O técnico Ademar Pimenta  chamou os melhores jogadores. Destaque para Leônidas, Domingos, Romeu, Hércules, Tim, Perácio. No jogo da estreia, uma vitória por 6 a 5 sobre a Polônia, em partida sensacional, decidida na prorrogação. Depois, empate com os tchecos até na prorrogação levou a nova partida, vitória por 2 a 1, Na semifinal, Ademar Pimenta alegou que Leônidas estava contundido e poupou o atacante. Houve quem dissesse que o Diamante Negro teria condições de jogo. A Itália venceu por 2 a 1 e pôs fim ao sonho do primeiro mundial. Na disputa do terceiro lugar, a vitória sobre a Suécia por 4 a 2 deu dignidade à campanha brasileira.

Depois de anexada, a Áustria foi obrigada a ceder jogadores à Alemanha por exigência de Hitler. O ditador contava com o título. Quando a equipe vencia a Suíça por 2 a 1, ainda pelas oitavas, integrantes da comissão técnica chegaram a mandar telegrama contando sobre a vitória. Mas, no segundo tempo, a Suíça fez três gols, venceu por 4 a 2 e ficou com a vaga para as quartas de final.

Cuba foi o primeiro país da América Central a disputar uma Copa do Mundo. E não fez feio: estreou contra a Romênia, que, ao lado do Brasil, era o único país a participar das três edições anteriores. No primeiro jogo, houve empate por 3 a 3. No segundo, graças ao goleiro Juan Ayra, Cuba virou para 2 a 1 e conseguiu a surpreendente classificação.

Com mais um telegrama de Mussolini com a mensagem "Vencer ou morrer", a Azzurra entrou em campo tensa contra os húngaros, mas tinha um bom retrospecto de três vitórias e um empate nos últimos quatro anos diante do rival. A partida foi movimentada, com muitos gols. Colaussi abriu o placar para a Azzurra logo aos 6 minutos, mas Titklos empatou dois minutos depois. Piola, ao lado de Meazza o craque da seleção italiana, desempatou aos 16, e Colaussi, novamente, ampliou aos 35. Veio o segundo tempo, e a Hungria tentou uma reação com Sarosi, aos 15. A partida ficou indefinida até os 37 minutos, quando Piola fez 4 a 2 para a Itália e selou o bicampeonato mundial no lotado estádio Olympique de Colombes, em Paris.

http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/historia/copa-do-mundo-1938-franca.html

 

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