BERLIM, 1936
Berlin foi eleita para receber os
Jogos Olímpicos de 1936 cinco anos antes, quando o nazismo ainda não tinha
chegado ao poder na Alemanha. Com a ascensão do 3º Reich, porém, o Comitê
Olímpico Internacional (COI) tentou tirar os Jogos dos alemães, sem sucesso. Os
norte-americanos, inclusive, programaram os Jogos Alternativos em Barcelona,
cancelados devido à Guerra Civil Espanhola.
Os nazistas não pouparam esforços
para fazer das Olimpíadas propaganda do regime. Os melhores engenheiros do
Reich projetaram o estádio Olímpico, que custou US$ 30 milhões. Todas as
grandes indústrias alemãs colaboraram, visando fazer dos Jogos um momento
histórico para a glória de Adolf Hitler
Um memorando secreto transmitido
no dia 18 de julho de 1936 para todas as forças de segurança advertia: "O
desenvolver grandioso e sem incidentes dos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim,
é da maior importância para a imagem da nova Alemanha aos olhos de nossos
convidados estrangeiros".
A Olimpíada de Berlim obteve
grande êxito popular, com mais de três milhões de espectadores nas
arquibancadas. O evento também pôde ser acompanhado por meio de uma novidade: a
televisão. Além disso, o regime encomendou a Leni Riefenstahl, a cineasta
oficial do Reich, a realização de um documentário oficial, chamado "Deuses
do Estádio".
Berlin foi também a última
Olimpíada antes da Segunda Guerra Mundial. À época, já se ouvia na capital da
Alemanha rumores de uma luta que acabaria por devastar a Europa. O conflito
eclodiria em 1939, e as duas edições seguintes dos Jogos, programadas para
Tóquio-40 e Londres-44, foram canceladas.
Um ano antes de Berlim-36, o
Brasil ainda não sabia qual a entidade responsável pela organização da equipe
que iria á Alemanha. Até 1935, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) era
quem organizava as delegações olímpicas do país. A criação do COB (Comitê
Olímpico Brasileiro) no mesmo ano armou a confusão. As entidades brigaram para
ver quem levaria os atletas a Berlim. A disputa só foi decidida na véspera do
embarque, em favor do COB, depois que a CBD concordou em fundir as equipes.
Após todo esse conflito, o Brasil
foi para a Alemanha com 95 atletas (sendo seis mulheres), o maior número até
então. Nas competições, os brasileiros mais uma vez ficaram sem medalha. Foi a
última vez que o Brasil saiu de uma Olimpíada sem nenhuma conquista.
Das 10 modalidades onde os
brasileiros foram inscritos, os melhores resultados vieram na natação, no
atletismo e no tiro. A nadadora Piedade Coutinho chegou em quinto lugar nos
100m livre. Para azar da brasileira, duas das melhores nadadoras da história
participaram dessa decisão: a holandesa Hendrika Mastenbroeck, ouro, e a
dinamarquesa Ragnhild Hveger, prata.
No atletismo, Sylvio de Magalhães
Padilha correu os 400m com barreiras em 54s e ficou com a quinta colocação.
Campeão brasileiro de basquete, atletismo e integrante da equipe de pólo
aquático em Los Angeles-1932, Padilha seguiu no esporte como dirigente e chegou
à presidência do COB na década de 60.
O Brasil também participou da
estréia do basquete nos Jogos Olímpicos com sua equipe masculina. Ficou na
oitava colocação.
Comentários
Postar um comentário