GUERRA DO VIETNÃ
Um dos conflitos mais violentos
ocorridos durante a Guerra Fria se deu na Península da Indochina, que, durante
boa parte da vigência do neocolonialismo, havia sido de domínio francês. A luta
pela independência naquela região já ocorria antes mesmo da Segunda Guerra
Mundial, mas foi somente após 1945, quando a França estava enfraquecida pelo
extenso conflito, que as rebeliões emancipacionistas ganharam maiores
repercussões.
Em 1954, através do Acordo de
Genebra, a França reconheceu a independência da região, desde que fossem
formados países independentes, entre eles, o Vietnã do Norte, de regime
socialista, comandado por Ho Chi Minh, e o Vietnã do Sul, inicialmente sob o
regime monárquico, mas que posteriormente se tornaria uma república
capitalista. Esse acordo ainda previa a realização de um plebiscito para que a
população pudesse optar pela reuni cação ou não do país e pudesse escolher o
regime ideal para os vietnamitas.
A proposta democrática
viabilizada pelo plebiscito não agradou a parte sulista, que, temendo a adoção
do regime socialista em um país uni cado, se opôs à realização da consulta
popular. Tal intransigência fez com que os vietcongs (guerrilheiros que
defendiam a uni cação sob o regime socialista) entrassem em guerra com os
militares que se opunham a essa reunificação.
Diante da iminência de uma guerra
civil, as forças começaram a se dividir e, assim, o norte, apoiado pela China,
aderiu à guerra lutando ao lado dos vietcongs. Outro país que se envolveu na
guerra foi os Estados Unidos, que, a partir de 1961, passaram a apoiar
abertamente o governo do sul. Os estadunidenses, orientados pelo seu
Departamento de Defesa, acreditavam que, se o Vietnã se convertesse ao
socialismo, todo o Sudeste Asiático corria o risco de seguir o mesmo caminho em
uma espécie de “efeito dominó”.
Empenhados, portanto, em evitar a
expansão socialista, os Estados Unidos passaram a enviar tropas ao país,
principalmente após 1965. Ainda assim, os vietcongs, apoiados pelos soviéticos
e pelos chineses, resistiam e impunham sucessivas derrotas ao Exército
americano através da utilização de táticas de guerrilhas.
Buscando evitar uma derrota, que
àquela altura seria humilhante, os Estados Unidos lançaram mão de armas
químicas na selva vietnamita. A utilização de armas nucleares, sugerida pelo
Pentágono, só foi evitada pelo temor de uma reação semelhante por parte da
União Soviética.
Mesmo sem a utilização de armas
nucleares, já no início da década de 1970, a Guerra do Vietnã se mostrava um
conflito altamente destrutivo, seja para os vietnamitas alvejados pelos
militares, seja para os soldados estadunidenses enviados para o Vietnã. Dessa
forma, a opinião pública dos Estados Unidos, endossada pela juventude de várias
partes do planeta, passou a se opor à continuação do país no conflito, pressão
que fez com que, em 1973, os Estados Unidos retirassem as suas tropas do
Vietnã.
Beneficiado, portanto, pela
rendição estadunidense, o Vietnã do Norte, vitorioso, ocupou Saigon, a capital
sulista, dando os contornos finais ao conflito. No ano seguinte, sob a
orientação dos nortistas, o Vietnã se reuni ficou oficialmente, adotando o
regime socialista e se aliando à União Soviética. Ao final do conflito,
contabilizou-se a morte de aproximadamente sessenta mil estadunidenses e um
milhão e meio a dois milhões de vietnamitas, números que refletem o grande
investimento bélico realizado pelas forças internacionais diante do conflito
vietnamita.
Em virtude do fracasso que
significou a Guerra do Vietnã para os Estados Unidos, estes, ainda hoje, não
admitem sua derrota, alegando que o governo teria abandonado o conflito por
escolha própria e não pela imposição militar. Apesar das polêmicas, o que se
observou foi o fracasso estadunidense em impedir que o Vietnã se convertesse
por completo ao socialismo, por mais que o “efeito dominó” não tenha se
concretizado.
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