CHILE - A UNIDADE POPULAR E O GOLPE DE PINOCHET

CHILE - A UNIDADE POPULAR  E O GOLPE DE PINOCHET

Em 1970, substituindo o governo de Eduardo Frei, do Partido Democrata Cristão, Salvador Allende foi eleito presidente do Chile. Naquelas eleições, Allende já registrava três disputas eleitorais mal-sucedidas e, através de uma coligação de partidos de esquerda – a Unidade Popular –, conseguiu se sagrar vencedor, fazendo uma campanha declaradamente socialista. A proposta da Unidade Popular consistiu no que se convencionou chamar de “Via Chilena”, ou seja, a defesa da construção do socialismo por uma via democrática e não através de uma revolução, como havia ocorrido em países como Cuba, China e URSS.

Colocando os seus ideais em prática, Allende promoveu a reforma agrária e nacionalizou diversas empresas estrangeiras, que não foram indenizadas. A reação dos Estados Unidos e da elite chilena, insatisfeitos com o avanço da esquerda na América do Sul, foi apoiar um golpe político comandado pelo general Pinochet. Assim, no dia 11 de setembro de 1973, Allende foi assassinado durante um bombardeio ao palácio La Moneda. A partir de então, implantou-se no país uma das ditaduras mais violentas da América Latina. Mais de sessenta mil pessoas morreram ou desapareceram e mais de duzentas mil abandonaram o país por motivos políticos

Sustentado econômica e ideologicamente pelos Estados Unidos, o Chile foi, na década de 1970, o laboratório do neoliberalismo, afinal, era necessário um governo forte – como o de Pinochet – para que medidas tão impopulares fossem adotadas. Os economistas e administradores puderam se basear na experiência chilena para viabilizar as reformas neoliberais em outros países, como Estados Unidos, no Governo Reagan, e Inglaterra, no mandato de Thatcher. Posteriormente, o neoliberalismo também foi adotado por países em desenvolvimento, como o Brasil e a Argentina.

O regime comandado por Pinochet, apesar de sofrer uma imensa pressão interna e internacional, vigorou até 1990, quando novas eleições presidenciais foram realizadas. Nesse processo de redemocratização do Chile, quem venceu as eleições foi Patricio Aylwin, que se encarregou de desmantelar os resquícios do regime do seu antecessor.

É importante ressaltar que a memória em torno do regime militar e suas qualificações ainda são elementos de forte polarização na sociedade chilena, tanto que, apesar de ter se exilado na Inglaterra, o exditador Pinochet acabou sendo preso e extraditado para o Chile em 2000, onde, após ter sofrido um processo de investigação acerca do seu governo, veio a falecer em 2006.

 

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