A ORIGEM DO DIAINTERNACIONAL DA MULHER
O Dia Internacional da Mulher é uma data
comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas na década
de 1970. Essa data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições
equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por
igualdade salarial, mas, atualmente, simboliza a luta das mulheres não apenas
contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo e a violência.
História do Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher existe,
enquanto data comemorativa, como resultado da luta das mulheres por meio de
manifestações, greves, comitês etc. Essa mobilização política, ao longo do
século XX, deu importância para o 8 de março como um momento de reflexão e de
luta. A construção dessa data está relacionada a uma sucessão de
acontecimentos.
Uma primeira história que ficou muito
conhecida como fundadora desse dia narra que, em 8 de março de 1857, 129
operárias morreram carbonizadas em um incêndio ocorrido nas instalações de uma
fábrica têxtil na cidade de Nova York. Supostamente, esse incêndio teria sido
intencional, causado pelo proprietário da fábrica, como forma de repressão
extrema às greves e levantes das operárias, por isso teria trancado suas
funcionárias na fábrica e ateado fogo nelas. Essa história, contudo, é falsa e,
por isso, o 8 de março não está ligado a ela.
Existe, no entanto, outra história que
remonta a um incêndio que de fato aconteceu em Nova York, no dia 25 de março de
1911. Esse incêndio aconteceu na Triangle Shirtwaist Company e vitimou 146
pessoas, 125 mulheres e 21 homens, sendo a maioria dos mortos judeus. Essa
história é considerada um dos marcos para o estabelecimento do Dia das
Mulheres.
As causas desse incêndio foram as péssimas
instalações elétricas associadas à composição do solo e das repartições da
fábrica e, também, à grande quantidade de tecido presente no recinto, o que
serviu de combustível para o fogo. Além disso, alguns proprietários de fábricas
da época, incluindo o da Triangle, trancavam seus funcionários na fábrica
durante o expediente como forma de conter motins e greves. No momento em que a
Triangle pegou fogo, as portas estavam trancadas.
O acontecimento em Nova York é significativo,
pois evidenciou a precariedade do trabalho no contexto da Revolução Industrial.
Isso, no entanto, não pode apagar a influência da luta operária e dos
movimentos políticos organizados pelas mulheres. Sendo assim, é importante
afirmar que o Dia Internacional da Mulher não foi criado por influência de uma
tragédia, mas sim por décadas de engajamento político das mulheres pelo
reconhecimento de sua causa.
A mobilização política de mulheres
trabalhadoras contra a desigualdade de gênero, no âmbito profissional, foi uma
das grandes influências para o 8 de março.
Em 1910, na cidade de Copenhague, ocorreu o
II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, que foi apoiado pela
Internacional Comunista. Nesse evento, Clara Zetkin, membro do Partido
Comunista Alemão, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher, sem,
entretanto, estipular uma data específica.
Essa proposta era fruto tanto do feminismo,
que ascendia naquela época, quanto das correntes revolucionárias de esquerda,
como o comunismo e o anarquismo. Clara Zetkin era engajada com campanhas que
defendiam o direito das mulheres no âmbito trabalhista. Sua proposta visava a
possibilitar que o movimento operário pudesse dar maior atenção à causa das
mulheres trabalhadoras.
O incêndio de 1911 viria a ser sugerido, nos
EUA, como dia simbólico das mulheres (tal como sugerido por Clara Zetkin). A
maioria dos movimentos reivindicavam melhorias nas condições de trabalho nas
fábricas e, por conseguinte, a concessão de direitos trabalhistas e eleitorais
(entre outros) para as mulheres.
Vários protestos e greves já ocorriam na
Europa e nos Estados Unidos desde a segunda metade do século XIX. O movimento
feminista e as demais associações de mulheres capitalizaram essas
manifestações, de modo a enquadrá-las, por vezes, à agenda revolucionária. Foi
o que aconteceu em 08 de março de 1917, na Rússia.
O ano de 1917, na Rússia, foi fortemente
marcado pelo ciclo revolucionário que derrubou a monarquia czarista. Nesse
clima de agitação revolucionária, as mulheres trabalhadoras do setor de
tecelagem entraram em greve, no dia 8 de março, e reivindicaram a ajuda dos
operários do setor de metalurgia. Essa data entrou para a história como um
grande feito de mulheres operárias e também como prenúncio da Revolução
Bolchevique.
Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher foi
oficializado em 8 de março pela ONU, em 1975.
Após a Segunda Guerra Mundial, o dia 08 de
março tornou-se aos poucos o símbolo principal de homenagens às mulheres (em
virtude da greve das russas). Também foi associado ao mês de março, a partir de
então, o evento do incêndio em Nova York, ocorrido no dia 25, como narrado
anteriormente.
A partir dos anos 1960, a comemoração do dia
8 de março já tinha se tornado tradicional, mas foi oficializada pela ONU apenas
em 1975, quando essa organização declarou o Ano Internacional das Mulheres,
como uma ação voltada ao combate das desigualdades e discriminação de gênero em
todo mundo. Como parte desses esforços, o dia 8 de março foi oficializado como
o Dia Internacional da Mulher.
Entre outras ações, a mobilização feminina
foi e ainda é muito importante para o combate das desigualdades de gênero.
O Dia Internacional da Mulher não é um mero
dia voltado simplesmente a homenagens triviais às mulheres, mas diz respeito a
um convite à reflexão referente a como a nossa sociedade as trata. Essa
reflexão vale tanto para o campo do convívio afetivo, familiar e social quanto
para as questões relacionadas ao mercado de trabalho.
Inúmeros estudos comprovam que ainda hoje as
mulheres sofrem com a desigualdade no mercado de trabalho em relação aos
homens. A presença das mulheres no mercado de trabalho ainda é menor do que a
dos homens, uma vez que dados de 2018 apontam que, no mundo, apenas 48% das
mulheres maiores de 15 anos estão empregadas – para os homens, esse número é de
75%.
Atualmente, menos de 70% dos homens concordam
com o fato de que muitas mulheres preferem trabalhar a ficar em casa cuidando
de serviços domésticos. As mulheres ainda sofrem prejuízos no mercado de
trabalho por engravidarem, uma vez que o número de mulheres que abandonam o seu
trabalho por conta de seus filhos chega a 30%, enquanto que somente 7% dos
homens abandonam seus empregos pelo mesmo motivo.
Para agravar essa situação, metade das
mulheres que engravidam perdem seus empregos quando retornam da
licença-maternidade e ainda, em pleno século XXI, existem aqueles que defendem
que mulheres devem ganhar menos, simplesmente por poderem engravidar. Isso,
inclusive, é uma realidade no Brasil, pois as mulheres recebem, em média, 20%
menos que os homens.
Todas essas estatísticas demonstram como o preconceito de gênero prejudica as mulheres no mercado de trabalho. As mulheres, no entanto, não têm a sua vida prejudicada somente no mercado de trabalho, uma vez que a violência de gênero, o abandono que muitas sofrem de seu parceiro durante a gravidez e os assédios são realidades que muitas mulheres sofrem.
O 8 de março é um dia para reflexão a
respeito de toda a desigualdade e a violência que as mulheres sofrem no Brasil
e no mundo. É um momento para combater o silenciamento que existe e que
normaliza a desigualdade e as violências sofridas pelas mulheres, além de ser
um momento para repensar atitudes e tentar construir uma sociedade sem
desigualdade e preconceito de gênero.
https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-da-mulher.htm
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