A EXPANSÃO MARÍTIMA ESPANHOLA
O projeto expansionista não se
limitava aos esforços dos portugueses no século XV. A falta de empenho das
outras Coroas europeias se justificava pelas demandas internas e externas que
buscavam promover a consolidação dos Estados. Enquanto a França e a Inglaterra
se digladiavam na Guerra dos Cem Anos, a Espanha se via nos últimos estágios da
Guerra de Reconquista. Porém, após o m desse conflito, em 1492, os Reis
Católicos, Isabel e Fernando, se propuseram a dar início ao expansionismo
marítimo espanhol, patrocinando o navegante genovês Cristóvão Colombo.
O projeto partia de um conceito
inovador: a possibilidade de se alcançar as regiões asiáticas através da
navegação rumo a oeste, confirmando o princípio da esfericidade da Terra.
Partindo de Palos de La Frontera (Huelva, Espanha), Colombo conduziu três
embarcações – Santa Maria, Pinta e Nina –, alcançando o continente americano,
na ilha das Bahamas, após três meses de viagem. O navegante genovês não compreendeu
a grandeza do novo feito, permanecendo convencido de que alcançara a região da
Ásia.
Após retornar ao solo europeu, a
Coroa espanhola iniciou um intenso empenho de garantir o controle das novas
regiões. A concessão dos territórios a oeste da linha imaginária da Bula
Intercoetera, localizada a 100 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde, pelo
papa espanhol Alexandre VI, atendeu plenamente às pretensões espanholas. Porém,
a resistência lusitana foi fundamental para a mudança da linha para 370 léguas
de Cabo Verde por meio do tratado de tordesilhas de 1494.
Era o início da partilha do mundo
pelas potências europeias. A linha de Tordesilhas seria considerada referência
para a ocupação do continente americano até o século XVIII, apesar das
explícitas contestações realizadas pelos países excluídos da partilha. Nesse
sentido, destaca-se a exigência do testamento de Adão pelo monarca francês
Francisco I, quando, de modo bem-humorado, solicitou às Coroas ibéricas o
documento que confirmasse que o primeiro homem que habitou a Terra havia cedido
todo o globo para as Coroas de Portugal e Espanha. Essa lúdica contestação veio
acompanhada, durante toda a Idade Moderna, de inúmeras incursões de ingleses,
franceses e holandeses nas regiões da América.
A Expansão Marítima marcou, desse
modo, ao realizar um encontro entre diferentes povos, o início de uma nova era
da humanidade. A base europeia do movimento expansionista foi responsável pela
irradiação das bases culturais do continente europeu para territórios
distantes, notadamente a região da América. A integração econômica também foi
fundamental para garantir a hegemonia europeia em detrimento das novas áreas
conquistadas, pois a orientação comercial partia do princípio do exclusivo
metropolitano. A destruição das nações pré-colombianas, por sua vez, marcou o
lado mais soturno desse expansionismo, no que se refere à indiferença dos
europeus frente às complexas civilizações encontradas, ao lado da massificação
da mão de obra escrava africana.
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