O MÉXICO PÓS REVOLUÇÃO

O MÉXICO PÓS REVOLUÇÃO

Apesar dos avanços trazidos pela Constituição de 1917, foi durante o governo de Lázaro Cárdenas (1934-1940) que ocorreu a maior reforma agrária do México. Naquele período, houve a distribuição de terras para os camponeses sob a forma de ejidos – cada parcela de terra distribuída possuía caráter coletivo, sendo que os indivíduos só poderiam utilizá-la enquanto membros da coletividade. Os ejidos, entretanto, não recebiam apoio governamental e, por isso, muitos deles foram abandonados por mexicanos que se transferiram para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida.

Em 1938, em outra ação polêmica, Cárdenas surpreendeu o mundo ao nacionalizar as empresas petrolíferas estrangeiras que atuavam no México, criando, para suprir a demanda, a Pemex (Petróleos de México S/A), que passou a exercer o monopólio sobre a extração do petróleo mexicano. A postura nacionalista adotada pelo presidente mexicano (contemporâneo de Getúlio Vargas no Brasil) era condizente com o contexto internacional, afinal, os Estados Unidos, ameaçados pelo Japão no Pacífico, encontravam-se impossibilitados de agir no México no intuito de garantir seus interesses.

Internamente, a política bem-sucedida de Cárdenas fez com que o seu partido, PRI (Partido Revolucionário Institucional), dominasse a política mexicana através da ocupação da Presidência e dos principais cargos administrativos do país. Essa hegemonia política só acabou no final da década de 1990, quando o partido sofreu uma cisão, dando origem a outras legendas, como o Partido de Renovação Democrática, dissidência de esquerda do PRI.

Ainda na década de 1990, o México entrou para o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), que previa a aproximação econômica do país com os Estados Unidos e com o Canadá. Apesar da euforia inicial, tal prática, de cunho neoliberal, evidenciou as desigualdades e a insatisfação da população mexicana, tanto que, em 1994, um ano após a entrada do México no bloco, houve a deflagração de uma crise econômica (“Efeito Tequila”), em virtude da grande dependência criada entre a economia mexicana e as economias canadense e estadunidense. Imediatamente, vários órgãos internacionais e países, como o Brasil, ajudaram o México a se reerguer. Entretanto, no cenário interno do país, a expansão do desemprego e da miséria criou um clima propício às manifestações populares.

Foi nesse contexto, portanto, que, inspirado nas ideias de Emiliano Zapata, um grupo de guerrilheiros indígenas organizou o EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional). Os chamados neozapatistas, comandados por um líder que se autodenominava subcomandante Marcos (cuja real identidade permanece incerta), lutavam contra o imperialismo dos Estados Unidos e contra a política neoliberal adotada pelo governo mexicano.

Uma das maiores conquistas do EZLN ocorreu em 1994, quando os rebeldes tomaram a região dos Chiapas, que ainda hoje apresenta um dos maiores indicadores de desigualdade social no México. Para conter os neozapatistas, o governo mexicano teve de fazer concessões e, assim, negociar a realização dos últimos processos eleitorais na região.

Apesar da aparente inatividade atual do EZLN, as negociações no México continuam. A resistência política do Congresso em aceitar uma maior autonomia para as comunidades indígenas, entretanto, ainda é um dos grandes empecilhos para que haja uma solução pacífica e definitiva para as camadas mexicanas menos favorecidas.

 

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