A REVOLUÇÃO INGLESA
É importante ressaltar que a
Revolução Inglesa é dividida em dois momentos, a Revolução Puritana (1640-1649)
e a Revolução Gloriosa (1688), sendo que a segunda pode ser considerada um
desdobramento da primeira.
Os conflitos entre o Parlamento e
Carlos I levaram ao início de uma guerra civil. Os chamados realistas ou
cavaleiros apoiavam o rei e, por isso, eram compostos da alta nobreza, e, do
ponto de vista religioso, de anglicanos e católicos. Do outro lado do conflito,
encontravam-se os cabeças-redondas, fieis ao Parlamento e formados por
puritanos, recrutados entre a pequena e média nobreza, pela burguesia e por
trabalhadores urbanos e rurais.
Após algumas derrotas iniciais,
as forças de oposição ao rei obtiveram vitória com o estabelecimento de uma
nova forma de organização militar. O Exército de Novo Tipo, ou new model army,
foi liderado por um puritano membro da gentry chamado Oliver Cromwell. O
Exército revolucionário baseou o seu recrutamento no mérito e na capacidade
individual, sendo, portanto, o merecimento, e não a distinção pelo nascimento,
o critério para a ascensão militar.
Após uma série de confrontos, a
vitória das tropas do Parlamento sobre as forças de Carlos I se deu na batalha
de Naseby, em 1645. O vazio de poder deixado pela vacância do trono inglês deu
início a um longo e complexo conflito entre diversas facções políticas formadas
durante o processo revolucionário.
Setores mais conservadores do
Parlamento, como os presbiterianos, desejavam diminuir a influência do Exército
e, para isso, juntaram-se ao rei, que, em meio àquele processo conturbado,
desejava enviar os militares para conter uma rebelião na Irlanda, região
dominada pelos ingleses. Os levellers, setores mais radicais ligados ao Exército,
impediram tal ação.
Chamados de niveladores, os
levellers se comprometeram a não desmobilizar as forças do Exército até que
suas reivindicações fossem atendidas. Eles defendiam a democratização, a maior
igualdade perante a lei e o regime republicano. Os mais radicais eram a favor
da extinção da Câmara dos Lordes, da implementação do sufrágio universal
masculino, do estabelecimento do livre-comércio, do m dos monopólios, da
proteção da pequena propriedade e da execução do rei.
Ao mesmo tempo em que as forças
revolucionárias disputavam a composição do poder, o rei organizava a
contrarrevolução. Assim, após uma tentativa real fracassada, as forças
lideradas por Cromwell desmobilizaram as forças leais ao rei e o levaram a
julgamento em 1648. Fazendo cumprir a sentença, no dia 30 de janeiro de 1649,
Carlos I foi executado e, no mesmo ano, foi proclamada a República na
Inglaterra.
Após a execução do rei, o comando
da Inglaterra foi delegado ao líder da facção vitoriosa na guerra, Oliver
Cromwell. A República de Cromwell, ou Commowealth, foi responsável pela
eliminação dos resquícios feudais e pela consolidação dos valores liberais
comuns à burguesia e à gentry. Inicialmente, o poder esteve dividido entre o
Parlamento e o Exército, mas foi gradativamente se concentrando nas mãos do
líder militar Oliver Cromwell.
Uma das primeiras ações de
Cromwell foi eliminar as facções políticas mais radicais, como os levellers e
os diggers, que desejavam a formação de cooperativas nas quais os bens
produzidos seriam apropriados de forma comum. Ainda no âmbito político, o novo
líder inglês suprimiu os previlégios feudais e até dissolveu o Parlamento em
1653. Tal ação por parte de Cromwell o caracterizou como um ditador que
advogava em favor da burguesia, tanto que o novo Parlamento, aberto
posteriormente, lhe concedeu o título de lorde protetor da Inglaterra.
Cromwell usou, ainda, seu
autoritarismo para bene ciar a Inglaterra internacionalmente. Suas ações se
voltaram principalmente para a Irlanda e para a Escócia, acusadas de abrigar
realistas e contrarrevolucionários. Por fim, é importante ressaltar que Oliver
Cromwell também foi muito importante para o crescimento econômico inglês, visto
que estimulou o comércio, a produção artesanal e o livre-cambismo. Ainda assim,
a grande realização de Cromwell foi a edição dos Atos de Navegação.
Essas leis fortaleceram o
comércio exterior e visaram combater a principal rival da Inglaterra nos
oceanos, a Holanda. Pelos Atos, cava determinado que as mercadorias importadas
deveriam seguir para a Inglaterra em navios ingleses ou nas embarcações dos
seus países de origem. Após a morte de Oliver Cromwell em 1658, seu lho Richard
assumiu o poder, mas a sua falta de habilidade política inviabilizou a sua
permanência no poder. O temor de novos conflitos pelos grupos conservadores e
da emergência de novos grupos radicais gerou um clima propício para que a
dinastia Stuart, juntamente com a monarquia, pudesse ser restaurada na
Inglaterra.
Com o apoio dos grupos
conservadores à restauração monárquica, Carlos II (1660-1685), lho exilado de
Carlos I, assumiu o trono e manteve relações menos tensas com o Parlamento,
temendo seguir o mesmo destino de seu pai. Em seu governo, no entanto, o
monarca exigiu a exumação do corpo de Cromwell e enforcou o cadáver em praça
pública. Em seus 25 anos de reinado – marcados pela expansão comercial inglesa
–, Carlos II submeteu-se à maioria das imposições do Parlamento e foi sucedido
por seu irmão, Jaime II.
Com uma postura diferente do seu
antecessor, Jaime II (1685-1688) estabeleceu uma política favorável à
aristocracia, que teve parte dos seus bens restituída. Outro segmento
beneficiado pelo monarca foi o do catolicismo, religião pela qual Jaime II
havia se convertido. Dessa forma, os católicos passaram a gozar de alguns benefícios
fiscais e a ocupar importantes cargos políticos.
A tensão política gerada pela
intransigência de Jaime II e a ameaça da eclosão de um novo movimento
revolucionário levaram parte da elite dominante e do clero anglicano a promover
um golpe palaciano. O processo, denominado de Revolução Gloriosa, por não ter
levado a uma nova guerra civil, retirou Jaime II do trono.
A abdicação deu-se em favor de
seu genro, Guilherme de Orange, nobre protestante de origem holandesa.
Declarado rei pelo Parlamento, Guilherme I foi submetido à Declaração dos
Direitos, ou Bill of Rights, documento que estabeleceu a hegemonia do
Parlamento sobre a monarquia e concedeu a tolerância religiosa aos puritanos.
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