A REFORMA ANGLICANA
A Reforma na Inglaterra deu-se,
principalmente, em razão da necessidade do fortalecimento do poder real durante
o reinado de Henrique VIII. A ruptura com a Igreja teve por objetivo a
consolidação do poderio dos Tudor no interior da sociedade inglesa. O poder
real na Inglaterra, desde o século XIII, tinha como contrapartida o Parlamento,
estabelecido após a assinatura da Magna Carta. Apesar de não possuir caráter
legislativo e por muitas vezes possuir poder apenas nominal, esse órgão limitava
o poder dos reis para criar novos impostos. Desse modo, o rompimento com a
Igreja poderia significar o acesso às suas terras e aos seus bens, além do
fortalecimento da monarquia inglesa.
A alegação usada por Henrique
VIII para romper com a Igreja foi a não anulação de seu casamento pelo papa
Clemente VII. Casado com Catarina de Aragão, tia de Carlos V da Espanha, o rei
inglês se queixava do fato de não ter obtido herdeiros homens. A preocupação se
justificava, já que esse fato poderia levar ao trono inglês um nobre ligado ao
reino espanhol. Assim, no intuito de viabilizar seu casamento com Ana Bolena,
Henrique VIII rompeu com o papa e fundou a Igreja Anglicana. Tal situação foi
reconhecida pelo Parlamento em 1534, por meio do Ato de Supremacia, que tornou
o monarca inglês chefe supremo da Igreja Anglicana.
Tal medida colaborou para o
reforço do poder pessoal do rei, ao conceder-lhe o direito de nomear os
ocupantes dos cargos eclesiásticos e de interferir nas questões dogmáticas. Os
membros do antigo clero católico que resistiram às mudanças foram expulsos e as
terras da Igreja em território inglês foram confiscadas. A venda dessas terras
para setores da nobreza e para comerciantes garantiram o apoio político desses
grupos à religião reformada.
Os ritos e a estrutura da Igreja
Anglicana se aproximavam daqueles da Igreja de Roma, afinal, ao manter a
hierarquia eclesiástica, Henrique VIII contribuiu para o reforço de seu poder,
já que o rei se encontrava no topo dessa hierarquia. Ainda assim, do ponto de vista
dogmático, o anglicanismo incorporou várias características dos movimentos
reformistas, em especial do calvinismo. É possível afirmar, portanto, que
ocorrera a fusão de dogmas protestantes com o formalismo dos ritos católicos.
Isso não impedia, no entanto, a oposição dos calvinistas à religião anglicana.
Os chamados puritanos se opunham ao modo como havia transcorrido a Reforma na
Inglaterra.
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