A LUTA PELOS DIREITOS CIVIS DOS NEGROS NOS EUA
Logo após a Guerra de Secessão,
ainda durante o século XIX, a 13a (1865) e a 14a (1868) Emenda à Constituição
dos Estados Unidos, respectivamente, aboliram a escravidão e declararam os
negros cidadãos americanos. Ainda assim, na prática, em virtude dos
preconceitos raciais, grande parte dos negros continuou privada de seus
direitos civis, entre eles, os políticos. Entre o reconhecimento constitucional
da abolição e as primeiras ações práticas visando à cidadania dos negros,
passaram-se cerca de cem anos de história. Dessa forma, foi apenas na década de
60 do século XX que os negros, de fato, passaram a conquistar seus direitos.
Para entender tais conquistas,
entretanto, é necessário ter em mente que, apesar de oprimidos – até pelos
aparatos policiais –, os negros foram à luta e, por isso, não deixaram de
reivindicar a garantia da sua dignidade. A caminhada rumo à garantia dos
direitos civis dos negros se acirrou, principalmente, a partir do processo de independência
da África, uma vez que, diante da libertação do continente do qual descendiam
os afro-americanos, estes se encorajaram a reivindicar a sua liberdade.
Voltando ao contexto interno dos
Estados Unidos, é importante ressaltar que as formas de reivindicação
registradas ao longo do século XX não foram homogêneas. Assim, para que haja
uma melhor compreensão acerca desse assunto, é necessário dividir essas lutas
em pacifistas ou não. Dentro do primeiro grupo, a principal figura foi a do
pastor Martin Luther King, que, no dia 28 de agosto de 1963, em Washington,
discursou para mais de 200 mil pessoas defendendo a igualdade entre os homens.
Outro personagem importante para
a luta dos negros foi John Fitzgerald Kennedy, que foi eleito presidente dos
Estados Unidos em 1960, vencendo com uma pequena margem de votos o republicano
Nixon, apoiado pelo então presidente Eisenhower. Foi fundamental para a vitória
de Kennedy o apoio dos negros que, em alguns estados, tinham direito ao voto.
Dessa forma, ao assumir, o presidente manteve o seu compromisso de tentar
promover a igualdade social e política entre brancos e negros. Tais conquistas,
entretanto, custaram as vidas de seus principais articuladores: Kennedy foi
assassinado em novembro de 1963, em Dallas, no Texas, e Martin Luther King em
abril de 1968, em Memphis, no Tennessee.
Se, por um lado, Luther King e
Kennedy consideravam a resistência pacífica e constitucional como o mais
efetivo dos protestos, por outro, houve defensores dos direitos civis dos
negros que lançaram mão da violência. O principal exemplo dessas manifestações
extremas ocorreu através das ações do grupo Black Panthers (Panteras Negras),
que, surgido na década de 1960, defendia a luta armada como forma de conquistar
os direitos civis. Posto que constantemente entravam em conflitos com a
polícia, vários membros do Panteras Negras foram presos e mortos. Assim, em
virtude dos desgates provocados pela repressão, já nos anos 1970, os
remanescentes, enfraquecidos, passaram a adotar uma postura mais flexível, que
não mais condizia com a filosofia do grupo, tanto que este encerrou suas
atividades na década seguinte.
Ainda no campo das manifestações
extremas, Malcolm X foi outro importante ativista que defendia os direitos
civis dos negros. Além de divergir quanto aos meios empregados para a conquista
desses direitos, Malcolm discordava de Martin Luther King também no que se
refere à organização social dos Estados Unidos; para ele, deveria haver a
separação entre um Estado branco e outro negro, de tendência socialista. Assim
como Kennedy e Luther King, Malcolm X não viu os seus planos concretizados,
pois foi assassinado em 1965, enquanto fazia um discurso em Nova Iorque.
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