A Cruzada dos Mendigos
Em 1095, durante o Concílio de
Clermont, o papa Urbano II convocou os exércitos de toda a Europa para lutar
contra os “infiéis” muçulmanos que haviam tomado o controle da cidade de
Jerusalém. A partir de seu pronunciamento, membros da classe nobiliárquica de
todo o Velho Mundo organizaram os exércitos que integrariam a Primeira Cruzada.
Contudo, o peso da ordem dada pelo chefe supremo da Igreja não causou efeito
somente aos ouvidos dos nobres cavaleiros da época.
Enquanto os preparativos oficiais
aconteciam, vários pregadores itinerantes correram o território europeu dando
notícia sobre a decisão tomada pela Santa Sé. Entre esses propagadores do
anúncio papal, Pedro, o Eremita, conseguiu mobilizar milhares de pessoas para a
Cruzada dos Mendigos ou Cruzada Popular. Sem reconhecimento papal, uma
verdadeira massa de pobres, ladrões e camponeses desvalidos se dispuseram a
marchar em direção à Terra Santa.
A concentração dessa cruzada
aconteceu na cidade alemã de Colônia e contou com o auxílio do cavaleiro
Gautier Sans Avoir (“Galtério Sem Bens”). Costurando cruzes vermelhas em suas
roupas, esse exército desprovido de qualquer ordem, dinheiro ou comida
atravessou vários territórios realizando assaltos, pedindo esmolas ou
realizando furtos. Quando atingiram a Bulgária, os integrantes dessa infame
cruzada foram fortemente combatidos pelos exércitos locais.
Em julho de 1096, mesmo com
tantos contratempos, a multidão de carentes conseguiu chegar até a cidade de
Constantinopla, onde realizaram uma série de saques que deixaram a população em
desespero. Visando contornar a situação, o imperador bizantino Aleixo Commeno
exigiu que o bando se alojasse nas fronteiras muçulmanas da cidade. Para que
outras desordens não ocorressem, este governante incentivou os cruzados a se
voltarem contra os mouros que ali viviam.
Apesar de bastante enfraquecidos,
os seguidores de Pedro conseguiram chegar até a Ásia Menor e lutar contra os
exércitos turcos da cidade de Niceia. Após uma primeira vitória, os cruzados
tomaram uma fortaleza abandonada. Aproveitando da trégua, o sultão Kilij Arslan
organizou um eficiente cerco que deixou os cruzados sem água. Passada uma
semana, vários cruzados morreram ou saíram em luta desesperada contra os
soldados que os espreitavam.
Milhares de cristãos foram
aniquilados sem maior dificuldade. Alguns remanescentes foram capturados e
vendidos como escravos aos mercadores. Os poucos que conseguiram escapar
realizaram o caminho de volta ou foram acolhidos pela cruzada de cavaleiros que
se preparava para adentrar o mundo oriental. Apesar de seu completo insucesso,
a Cruzada dos Mendigos expunha os problemas econômicos que também motivaram o
movimento cruzadista.
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-cruzada-dos-mendigos.htm
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