REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - AS RAZÕES DO PIONEIRISMO INGLÊS

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – AS RAZÕES DO PIONEIRISMO INGLÊS

Na Inglaterra, houve acumulação suficiente de capitais para financiar a transformação das manufaturas em maquinofaturas. Podem-se citar pelo menos três fontes importantes para esse acúmulo. A primeira delas foi a pirataria. O governo inglês financiava piratas para atacarem os navios portugueses e espanhóis, que partiam da América carregados de ouro e prata. O lucro do saque era dividido com o governo que, desse modo, investia pouco, comparando-se ao seu retorno econômico.

Outra fonte lucrativa foi a forma que o mercantilismo assumiu na Inglaterra: o comercialismo. Posto que o país comprava produtos e os revendia por preços bem mais altos, houve uma grande acumulação de capital, caracterizando, assim, o comercialismo como a forma mercantilista mais bem-sucedida entre os países europeus.

A assinatura de tratados comerciais vantajosos foi uma outra fonte lucrativa para os ingleses. O principal desses acordos foi o Tratado de Methuen (1703), também conhecido como Tratado dos Panos e Vinhos, assinado entre Portugal e Inglaterra. O primeiro venderia vinho mais barato e, em troca, compraria produtos manufaturados mais baratos que os demais países da Europa. Devemos nos lembrar de que Portugal era um dos maiores produtores de vinho do mundo, e a Inglaterra, por sua vez, era grande produtora de tecidos.

O vinho era mais barato que os tecidos, além disso, Portugal comprava um volume maior nessa relação comercial. Assim, os ibéricos acabaram desenvolvendo poucas manufaturas, tornando-se dependentes da produção inglesa e contraindo enormes dívidas. O ouro brasileiro foi utilizado para pagar as dívidas da metrópole com os ingleses. Uma frase bastante comum diz que “o ouro brasileiro financiou a Revolução Industrial na Inglaterra”.

Durante a Idade Moderna, a Inglaterra viveu um período de crescimento populacional. Além disso, os cercamentos (enclosures), processo de expulsão dos camponeses das terras comunais para a criação de ovelhas fornecedoras de lã para a manufatura têxtil, contribuíram para gerar a força de trabalho necessária para essas transformações na economia. A massa de camponeses expulsa deslocou-se para as cidades, formando um exército de mão de obra barata.

Outro fator a se destacar é a utilização do sistema de putting-out, no qual os camponeses recebiam a lã do comerciante, fiavam e teciam em casa, recebendo um salário por isso. A grande importância desse sistema está no fato de o camponês ter sido preparado e treinado, tornando-se, mais tarde, o proletário.

As colônias inglesas na América do Norte forneciam uma das principais matériasprimas da produção têxtil, o algodão, a final, o sul dos Estados Unidos era o maior produtor mundial de algodão. As reservas de carvão e de minério de ferro da Inglaterra também foram fundamentais para seu desenvolvimento industrial.

O vasto sistema colonial inglês, além de matéria prima, representava mercado para os produtos ingleses. A poderosa frota naval da Inglaterra também contribuiu para que esse mercado fosse ampliado pelos países da Europa com os quais a Inglaterra comercializava.

O Após as Revoluções Inglesas, a burguesia ascendeu ao poder e criou os mecanismos políticos necessários ao desenvolvimento industrial, como a legalização dos cercamentos. De uma maneira geral, era necessário que a burguesia tivesse alguma forma de poder político para que houvesse desenvolvimento industrial, o que ocorreu após a Revolução Gloriosa, quando o parlamentarismo se consolidou na Inglaterra, favorecendo seu mais forte grupo social, a burguesia.

 

 

 

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